Os moradores do bairro Ano Bom, uma comunidade que vive na zona rural entre as cidades de Corupá, no Vale do Itapocu, e São Bento do Sul, no Planalto Norte, estão assustados com o assassinato de Nelson Krobott, de 66 anos. Foi num rancho abandonado, no alto de um morro cercado por plantações de banana, que ele foi decapitado entre a noite de sábado e a madrugada de domingo.
Leia as últimas notícias sobre Joinville e região no AN.com.br
O corpo foi abandonado no local, onde havia um tanque de produção de peixes, mas o que deixou os moradores em choque foi que a cabeça da vítima foi transportada por alguns quilômetros e abandonada dentro de uma sacola plástica de supermercado, entre as ruas Carlos Frankowiak e Altamir Hofman, a poucos metros da propriedade da família de um irmão de Nelson.
Na manhã desta segunda-feira, a Polícia Militar chegou a identificá-lo como Nelson Kroper, mas o sobrenome foi corrigido pelos familiares no começo da tarde.
O crime começou a chamar a atenção dos moradores da localidade, acostumados com uma rotina pacata, de deixar portas abertas e de chamar todos pelo nome, na manhã de domingo. Uma cadela labradora escapou da casa dos donos e correu em direção ao bananal que fica em frente. Alguns minutos depois, a dona do animal percebeu que ele estava com algo estranho.
- Ela (a cadela) arrastava uma sacola e havia muitas moscas em volta. Nem vi a cabeça e não dormi a noite toda - disse a moradora, que preferiu não se identificar.
A cadela, que todos na região chamam de Meg, está recolhida no terreno da família desde o domingo. Quando os moradores perceberam que se tratava de uma cabeça humana, logo chamaram a polícia e começaram as buscas para encontrar o corpo. O bananal fica no fim da rua e tem acesso livre para motoristas e motociclistas.
Os moradores lembraram que dois motociclistas desconhecidos foram vistos entrando com uma mochila no bananal. Uma das moradoras da rua sem saída, onde a cabeça foi encontrada, disse que todos estavam assustados pela brutalidade.
- Aqui sempre foi um lugar muito calmo. Nunca pensamos que poderia acontecer uma barbaridade dessas - diz a mulher, que tem redobrado o cuidado com as crianças.
Bárbarie ainda não tem explicação
A notícia da decapitação e das buscas logo chegaram à família Krobott, que percebeu imediatamente que poderia ser Nelson. A família é tradicional na região. Mas havia alguns meses que Nelson se afastara um pouco dos familiares. Vivia pela região ajudando nos bananais para ganhar algum dinheiro, jogando cartas e bebendo com os amigos.
Os filhos foram até o grupo que fazia as buscas e, para os peritos do Instituto Médico Legal (IML) de Jaraguá do Sul, reconheceram a cabeça.
Nem a polícia, nem os familiares e vizinhos entendem o motivo de tanta crueldade. Por que, afinal, a cabeça dele foi arrancada e jogada tão longe, numa área bem mais populosa do que a do local do crime? A Polícia Civil já sabe que Nelson saiu para jogar e beber com pelo menos quatro pessoas no alto do morro na tarde de sábado. O local é de difícil acesso.
Não há como subir até o rancho com carros de passeio. Os técnicos do IGP e os bombeiros que participaram das buscas tiveram que usar um jipe com tração nas quatro rodas para chegar até o galpão.
Segundo uma avaliação preliminar, ele pode ter sido decapitado com um único golpe de facão ou foice, ferramenta muito usada para o corte de bananeiras, na limpeza dos bananais e na colheita da fruta. Os peritos também encontraram marcas de que a cabeça pode ter sido separada do corpo em um tronco de madeira ao lado do rancho.
A Divisão de Investigação Criminal da Polícia Civil de Jaraguá do Sul está trabalhando no caso. Duas das pessoas que estavam no local já foram identificadas e estão sendo procurados para depor e explicar o que aconteceu na noite de sábado. O corpo e a cabeça estão no Instituto Médico Legal de Jaraguá do Sul e devem ser sepultados nesta terça-feira. A família não quis falar com a imprensa.
Segurança
Decapitação de empresário choca comunidade de Corupá, no Norte de SC
O crime ocorreu em um rancho abandonado entre a noite de sábado e madrugada de domingo
Leandro S. Junges
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project