Munido de habeas corpus, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto não prestou juramento prometendo falar a verdade e anunciou que permaneceria em silêncio durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fundos de Pensão da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira.
– Agradeço a disponibilidade do tempo, mas exercerei o direito de ficar calado – afirmou o ex-tesoureiro do PT aos membros da comissão, no início da sessão, sendo vaiado por beneficiários de fundos de pensão que estão presentes à reunião da CPI.
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O presidente do colegiado, deputado Efraim Filho (DEM-PB), também protestou.
– Se não quiser falar, o senhor vai ouvir. Seu silêncio será ensurdecedor para muitos dos beneficiários que aqui estão – afirmou o parlamentar. – Poderá ser presunção de culpa diante das graves acusações que o relatório final trará – emendou.
Na terça-feira, o advogado de Vaccari, Luiz Flávio D'Urso, pediu a dispensa de seu cliente, para evitar os gastos com a viagem dele de Curitiba, onde está preso pelo envolvimento na Operação Lava-Jato, para Brasília. O presidente da CPI, contudo, negou o pedido.
– Ficaríamos extremamente prejudicados se sua presença não ocorresse. Não é de bom senso um relatório de CPI indiciar uma pessoa sem dar a ela o direito de defesa – justificou Efraim Filho. – Nunca vi aqui ninguém que veio para CPI e ficou calado ser inocente. Quem veio para ficar calado é porque tinha culpa – acrescentou.
A autorização para que Vaccari fosse trazido a Brasília foi dada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz os julgamentos dos envolvidos da Operação Lava-Jato na primeira instância.
Na CPI dos Fundos de Pensão, Vaccari foi convocado após seu nome aparecer em depoimentos de pessoas envolvidas em suposta manipulação na gestão dessas instituições. O doleiro Alberto Youssef, por exemplo, disse ter ouvido falar que o ex-tesoureiro era um dos operadores de alguns fundos de pensão, como Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal).
De acordo com Efraim Filho, a CPI investiga Vaccari teria exercido tráfico de influência junto a fundos de pensão para desviar recursos e atender a interesses políticos e partidários.
*Estadão Conteúdo