O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne com o chamado Conselho Político do PT, nesta segunda-feira, na capital paulista. Convocado para discutir a conjuntura atual do País e propor saídas para a crise econômica, o conselho também deve discutir formas de apoiar o ex-presidente e fazer frente ao que os correligionários classificam de "escalada de ataques" contra ele.
"As ameaças crescentes ao Estado Democrático de Direito, a ofensiva reacionária para criminalizar o PT e a escalada de ataques ao companheiro Lula são temas prioritários na reunião do Conselho Político da Presidência do PT", diz nota publicada nesta segunda pelo presidente da legenda, Rui Falcão. "Naturalmente, será uma ocasião para expressarmos, novamente, nossa solidariedade e apoio ao ex-presidente", segue a nota.
Na última sexta-feira, Lula se reuniu na capital paulista com o conselho do seu instituto. À ocasião, membros do conselho quiseram falar de estratégia de defesa do petista, mas o ex-presidente barrou o assunto. No fim do dia, ele se reuniu com a presidente Dilma Rousseff e ela se comprometeu a assumir um discurso de defesa moderada de seu antecessor.
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Nesta segunda, a expectativa é que Lula fale sobre as investigações do sítio que frequentava em Atibaia, de propriedade de Fernando Bittar e Jonas Suassuna. A Lava-Jato investiga se a reforma feita na propriedade foi bancada por empreiteira implicadas no esquema de corrupção da Petrobras. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) também investiga o caso, por indícios de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. Lula e a mulher Marisa Letícia foram convocados a depor na próxima quarta-feira.
Além de Falcão e Lula, a reunião do conselho conta com nomes de governadores, prefeitos e intelectuais ligados ao partido. Estão presentes os governadores petistas Tião Viana (AC), Wellington Dias (PI) e Camilo Santana (CÊ); os prefeitos Fernando Haddad (São Paulo) e Luiz Marinho (São Bernardo do Campo); e o líder do PT na Câmara dos Deputados, Afonso Florence.
Também participam Marco Aurélio Garcia, assessor da presidência, o escritor Fernando Morais, o cientista político e sociólogo Emir Sader, o jornalista Breno Altman, que é ligado ao ex-ministro José Dirceu, o escritor Eric Nepomuceno, o ex-presidente do PT-SP Paulo Frateschi, o diretor do Instituto Lula Luiz Dulci, o presidente da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, Márcio Pochmann, o dirigente da Articulação de Esquerda Valter Pomar, a secretaria de Relações Internacionais do PT e mulher de Delubio Soares, Mônica Valente, e os sindicalistas Rafael Marques, Luiz Moreira, Artur Henrique e Juvandia Moreira Leite.
Esta é a segunda reunião do Conselho Político do PT. A primeira foi em setembro. A ideia de formar o conselho, patrocinada por Lula, foi aprovada no 5º Congresso do PT, em junho em Salvador.
Esse segundo encontro foi convocado quando Nelson Barbosa assumiu a pasta da Fazenda, após a saída de Joaquim Levy. Na ocasião, Lula manifestou a interlocutores descontentamento, pois Barbosa assumiu a pasta ainda batendo na tecla do ajuste fiscal e sem avançar nas pautas para retomada do crescimento. Lula tem insistido em medidas de estímulo à economia via crédito.
Em meio aos avanços da oposição sobre Lula para reaquecer processos de impeachment ou de cassação de Dilma Rousseff, o partido aposta em propostas para retomar a economia como saída para a crise política. Uma das propostas apresentadas e que vai ser discutida no conselho é a criação de um "Plano Nacional de Emergência" para retomar o crescimento do País.