O coordenador jurídico da campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, Flávio Caetano, afirmou nesta segunda-feira que os pagamentos feitos ao publicitário João Santana referentes às campanhas de 2010 e 2014 ocorreram de forma "legal" e "transparente". Em nota à imprensa, Caetano se manifestou sobre a deflagração, nesta manhã, da 23ª fase da Operação da Lava-Jato, que investiga o envio de dinheiro para contas de Santana no exterior, e disse "repudiar" associações entre as apurações da Justiça e da Polícia Federal e a campanha de Dilma.
Nessa etapa da operação, foram expedidos sete mandados de prisão, dentre eles o de Santana e da esposa, Mônica Moura, que estão fora do Brasil e devem chegar ao país nas próximas horas. De acordo com Flávio Caetano, as empresas de João Santana receberam cerca de R$ 89 milhões pelos serviços prestados, valor que consta da prestação de contas aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
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– Esse valor, por si só, demonstra que o pagamento feito ao publicitário se deu de forma legal e absolutamente transparente – diz a nota do advogado.
Segundo o texto, todas as despesas da campanha foram "devida e regularmente contabilizadas". Conforme as investigações da Polícia Federal, a esposa de Santana, Mônica Moura, deu orientações sobre como enviar dinheiro a contas no exterior. A polícia também identificou um e-mail de Mônica para um grupo de funcionários da construtora Odebrecht, que era responsável pelos pagamentos da empresa no exterior. O destino final dos repasses seriam contas na Suíça, a partir de financeiras localizadas nos Estados Unidos.
– Repudiamos, com veemência, a tentativa de setores da oposição de, sem quaisquer elementos, buscar associar a investigação e as medidas cautelares determinadas pela Justiça Federal em relação ao publicitário João Santana e a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff – acrescenta Caetano.
João Santana coordenou as duas campanhas da presidente, em 2010 e 2014, e a campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Após a operação ser deflagrada, o juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, determinou o bloqueio das contas pessoais e das empresas de Santana e de Mônica Moura.
No comunicado, Flávio Caetano informa que "o próprio delegado federal" que apresenta as medidas cautelares desta etapa da Lava-Jato "afirma literalmente que, em relação aos pagamentos feitos pelo préstimo de serviços de João Santana para a campanha eleitoral da atual presidente da República Dilma Rousseff (2010 e 2014), 'não há, e isso deve ser ressaltado, indícios de que tais pagamentos estejam revestidos de ilegalidades'".
O relatório da PF foi citado pelo juiz federal Sérgio Moro ao deferir o pedido de prisão de Santana e de sua mulher, Mônica Moura.