O Hospital de Caridade Brazilina Terra (HCBT), em Tupanciretã na Região Central, vai suspender as cirurgias oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir do dia 15 de janeiro. O motivo é a falta de repasses de recursos dos governos Federal, Estadual e Municipal. O SUS representa 95% dos procedimentos. As cirurgias são eletivas, de pequena e média complexidade, e, entre as especialidades, estão cirurgia geral e obstetrícia.
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De acordo com o presidente do HCBT, Antônio Goergen, a impossibilidade de manter em funcionamento o bloco cirúrgico foi informada ao prefeito Carlos Augusto Brum de Souza (PP) na tarde de sexta-feira. Ele aponta que o repasse da subvenção da prefeitura está em atraso desde julho de 2015. Eram pagos, mensalmente, R$ 52 mil. Somando, o montante devido ao hospital chega até R$ R$ 364 mil.
- Devido à falta de repasses dos governos Federal e Estadual, há anos a prefeitura se comprometeu a pagar uma subvenção, que é um valor necessário para manter a folha de pagamento em dia. Sem esse valor, não há mais condições de prestar os serviços - explica o presidente.
Em dezembro, apenas 35% da folha de pagamento do quadro de profissionais foi paga, e o sindicato já sinaliza com a possibilidade de greve.
Mais problemas
O presidente aponta que as internações no hospital, que oferece cerca de 80 leitos para o SUS, também estão em cheque e poderão ser suspensas. Elas serão mantidas enquanto houver estoque de soro e materiais de uso básico. Quando os medicamentos acabarem, os próprios pacientes deverão fazer a aquisição.
O administrador do hospital, José Sidney Goergen, explica que falta verba para pagar as empresas que fornecem o material hospitalar.
- Eu não estou conseguindo comprar mais material porque os fornecedores que nos venderam no mês de dezembro querem receber agora em janeiro e nós não temos como pagar -, diz.
O hospital recebia mensalmente cerca de R$ 320 mil. O Estado parou de repassar o incentivo no valor de cerca de R$ 60 mil. Mais o valor que era repassado ao município, são R$ 112 mil a menos, ou seja, praticamente um terço da receita.
- Nós viemos trazendo o hospital funcionando na expectativa de que a coisa melhorasse. Mas agora chegou a um ponto que não tem mais. E o hospital vai fechar. Vai fechar. Ele suspende agora e não tem perspectiva. Vai fechar o hospital -, desabafa.
Cerca de 95% dos atendimento do hospital atendimentos são pelo SUS e são feitos pelo menos 2 mil por mês. O hospital oferece tratamento na área da psiquiatria e mantém espaço para tratamento de dependência química.
Contas atrasadas
A prefeitura de Tupanciretã sinalizou com o repasse de mais de R$ 70 mil ao hospital para quitar a conta de luz, que a RGE, concessionária de energia elétrica, ameaçou cortar devido ao atraso no pagamento. Uma máquina de oxigênio, que pertence a uma empresa do Mato Grosso, está com o aluguel atrasado há cinco meses e a empresa quer vir buscá-la. O hospital tem cerca de 80 anos de atendimento e está com o patrimônio penhorado devido a processos judiciais.
Em fevereiro, será realizada a eleição para a nova gestão do hospital.
Na próxima segunda-feira, a prefeitura fará uma reunião para tratar da situação do hospital.