Acontece nesta quinta-feira o interrogatório do ex-padre João Marcos Porto Maciel, de 75 anos, acusado de estupro de vulneráveis. Ele foi preso em dezembro de 2014 em Caçapava do Sul, na Região Central. O interrogatório acontece desde as 10h no Foro do município.
"Acordei com ele na minha cama" afirma autor de livro que relata os abusos
O ex-padre é réu em processo criminal e responde duas vezes por estupro de vulnerável e por posse irregular de arma de fogo. Ele será ouvido pelo juiz Leonardo Bofill Vanoni. O processo corre em segredo de Justiça, de modo que não é possível ter acesso ao conteúdo da audiência.
"Nunca fui tarado", diz religioso preso suspeito de estupro
O processo criminal iniciou em fevereiro de 2015, mas Maciel foi preso em dezembro de 2014. À época da prisão, ele era suspeito de cometer abusos desde 1961, e a polícia suspeitava que ele pudesse ter feito vítimas em 13 cidades do estado. Como alguns crimes seriam muito antigos, não constam no processo criminal. Maciel é ex-membro das igrejas Católica e Anglicana e, quando foi preso, atuava em um monastério da Igreja Veterodoxa.
Quando a polícia prendeu o ex-padre, reuniu depoimentos de seis pessoas que dizem ser vítimas, o que deu origem à Operação Silêncio dos Inocentes. Um deles é Marcelo Ribeiro, hoje com 50 anos, empresário que escreveu um livro relatando os abusos que sofria quando trabalhava com ele em um coral. À reportagem, ele contou que os abusos começaram ainda quando trabalhavam juntos em Minas Gerais.
- Ele era um professor que trabalhava muito a obediência absoluta, então ele castigava a gente fisicamente. A gente apanhava com tapa na cara, com reguada na mão. Era um abuso físico com abuso psicológico, porque a gente é colocado numa situação em que a gente tinha que ter o coral, a instituição, acima de qualquer coisa. Nesse processo, ele inclusive criou um afastamento familiar da gente. Eu ficava muito mais próximo dele do que da minha família. A partir do momento em que começaram os abusos sexuais, eu tinha que aceitar por obediência. Eu entrei no coral com nove anos de idade, e aos 11 aconteceu a primeira vez. Dos 11 aos 14 foi esporádico, e dos 14 aos 15 os abusos foram diários -, relata.
Segundo monges, ex-padre cobrava entre R$ 100 e R$ 500 por rituais pela internet
Maciel está preso preventivamente. Em agosto passado, teve os pedidos de liberdade provisória, com alternativa para prisão domiciliar, negados pela Justiça.