Como estratégia para evitar danos maiores no incêndio no Porto de Santos, os contêineres com substâncias mais perigosas foram isolados. Segundo a secretária-adjunta do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Cristina Azevedo, esse trabalho está possibilitando melhores resultados no combate ao fogo.
– Nós estamos tendo sucesso na estratégia adotada pela Cetesb [Companhia Ambiental do Estado de São Paulo], Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, que é atacar o foco contêiner por contêiner. Porque, dependendo do contêiner, é uma substância diferente que tem ali dentro – ressaltou em entrevista à Agência Brasil.
– Agora, eles estão tendo um sucesso bem mais rápido do que no meio da tarde de ontem, quando começou o incêndio – acrescentou ao falar dos resultados das equipes que lutam desde a tarde de quinta-feira contra as chamas.
O incêndio atingiu 80 contêineres com diferentes tipos de produtos químicos armazenados pela empresa Localfrio. O fogo se iniciou em contêineres de ácido dicloroisocianúrico, um produto usado como bactericida na água. A fumaça tóxica atingiu as cidades de Santos, Guarujá e São Vicente. A inalação dos resíduos levou 92 pessoas a procurar atendimento médico.
Amostras da água
Até o momento, o monitoramento feito pela Cetesb não detectou sinais de que os produtos químicos tenham contaminado o estuário do Guarujá, cidade onde fica o terminal atingido.
– Estão sendo coletadas amostras da água que está sendo escoada do pátio e da água do estuário. Até o momento, não tem nenhum indício de contaminação no estuário. Mas a gente vai manter esse monitoramento – destacou Cristina.
De acordo com a secretária, a contaminação atmosférica já se reduziu consideravelmente, mas ainda não é possível dizer quando a fumaça tóxica vai se dissipar completamente.
As causas e responsabilidades do acidente serão, segundo Cristina, apuradas em perícia realizada após o fim do incêndio. Para o combate às chamas, foram deslocadas 23 viaturas dos bombeiros e 91 da Polícia Militar, além de 40 bombeiros civis.
Técnica de "afogamento"
Para que o fogo seja apagado, cada contêiner é colocado em uma carreta com água, a chamada "técnica de afogamento". De acordo com o coronel José Roberto, coordenador da Defesa Civil da cidade, na manhã desta sexta, foi feito um inventário a partir da planta do terminal, que lista os produtos estavam armazenados na área, pela empresa Localfrio.
O coronel não soube informar quais tipos de produtos vazaram. Segundo Enedir Rodrigues, engenheiro da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), é possível que uma fissura possa ter permitido a entrada de água da chuva, o que provocou a ignição e o fogo se alastrou.
O coronel da Defesa Civil destacou que a fumaça diminuiu e mudou de cor, ficou mais branca, o que representa um bom sinal. De acordo com ele, a situação no momento está controlada.
– Só não podemos ter pressa com os produtos químicos, pois cada um tem uma reação diferente.
A expectativa, segundo ele, é que até o final do dia as chamas sejam apagadas e o trabalho entre em fase de rescaldo.
Osmair Chamma, promotor de Justiça do Meio Ambiente, informou que instaurou inquérito civil para apurar as razões do acidente.
*Agência Brasil