O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é o principal político a ser denunciado até agora pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por conta das suspeitas de participação no esquema de desvio de recursos públicos da Petrobras, alvo da Operação Lava-Jato. Nesta terça-feira, casas e gabinete de Cunha, além de endereços de aliados do peemedebista, são vasculhados pela Polícia Federal.
Segundo dois delatores, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo, Cunha teria recebido US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sondas e também de um negócio fechado pela Petrobras na África. Os valores recebidos pelo deputado teriam abastecido contas no exterior mantidas pelo peemedebista e familiares na Suíça.
Dados enviados pela Suíça à PGR comprovaram que o peemedebista tem contas bancárias secretas no país europeu. Preso na Lava-Jato, João Augusto Rezende Henriques, um dos operadores do PMDB no esquema de corrupção, também afirmou em depoimento à Polícia Federal que fez uma transferência ao Exterior em nome de Cunha. A transferência seria referente à compra pela Petrobras de uma área de exploração de petróleo em Benin, na África. Cunha nega todas as acusações.
Denunciado pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF) há cerca de quatro meses, Cunha ainda não é considerado réu, apenas investigado, pois o STF ainda não decidiu se acolhe ou não as denúncias.
Cunha no Conselho de Ética
Além da investigação no STF, Cunha também pode enfrentar um processo de cassação por quebra de decoro parlamentar. O PSOL e a Rede entraram com uma representação no Conselho de Ética na Câmara contra o presidente da Casa que fundamentada nos documentos que mostram que Cunha tem contas fora do país. O PSOL entende que Cunha mentiu em depoimento à CPI da Petrobras, em março, quando negou que tivesse contas no exterior.
Nesta terça-feira, está prevista a oitava tentativa de votar o parecer sobre a admissibilidade de processo contra Cunha. Nas sessões anteriores, aliados do peemedebista conseguiram manobrar adiamentos. PSOL e Rede ingressaram na PGR pedindo o afastamento cautelar do presidente da Câmara, porque ele estaria usando o cargo para travar a tramitação.