Os pré-candidatos do Partido Republicano à eleição presidencial de 2016 colocaram a guerra contra o "radicalismo islâmico" e a declaração antimuçulmana de Donald Trump no centro do quinto debate antes das primárias, realizado na terça-feira em Las Vegas.
- Estados Unidos está em guerra. Nosso inimigo (...) é o terrorismo radical islâmico - disse o senador ultraconservador de origem cubana Ted Cruz, segundo nas pesquisas.
- Nossa liberdade está sob ataque - afirmou Jeb Bush.
- O país está fora de controle - declarou o magnata Donald Trump, que lidera as pesquisas depois de ter afirmado que deseja fechar temporariamente as fronteiras dos Estados Unidos aos muçulmanos.
A sete semanas do início das primárias, os nove pré-candidatos republicanos em melhor posição nas pesquisas protagonizaram um debate no hotel The Venetian, em Las Vegas, que foi dominado pelas consequências dos atentados de Paris e San Bernardino. Um a um, os aspirantes republicanos citaram com gravidade as ameaças jihadistas e prometeram maior determinação ante a suposta fragilidade do presidente Barack Obama para defender o país. A nota discordante sobre o tema foi apresentada pelo senador Rand Paul, representante da ala libertária do Partido Republicano.
- Se proibirmos certas religiões, se censurarmos a internet, os terroristas terão vencido - disse.
Obama, o "politicamente correto"
Mas todos foram unânimes em atacar o governo do presidente Barack Obama, a quem acusaram de ceder ao "politicamente correto", que teria debilitado as defesas americanas ao, por exemplo, aceitar refugiados sírios.
- Fomos traídos pela liderança de Barack Obama e Hillary Clinton - disse o governador de Nova Jersey, Chris Christie, em referência à ex-secretária de Estado que lidera a disputa interna do Partido Democrata.
Bloquear a Internet?
O debate ressaltou as falhas dos serviços de inteligência em identificar o casal americano-paquistanês que matou 14 pessoas em San Bernardino, Califórnia, e antes os irmãos Tsarnaev, autores dos atentados da maratona de Boston em 2013. Os republicanos criticaram o governo Obama por supostamente não ter interceptado as comunicações dos criminosos nas redes sociais.
- Cada pai nos Estados Unidos confere as redes sociais e os patrões também, mas o governo não pode fazê-lo? - questionou Carly Fiorina, ex-presidente da Hewlett Packard, que alardeou ter colaborado com a Agência de Segurança Nacional (NSA) quando comandava a gigante de tecnologia.
Donald Trump argumentou que bloquearia o acesso à internet em áreas do Iraque e da Síria controladas pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
- O EI usa a internet melhor do que nós. Me falam de liberdade de expressão. Eu não quero que eles usem nossa internet - completou.
O esperado embate entre os dois líderes nas pesquisas, Donald Trump (média de 33%) e Ted Cruz (16%), não aconteceu, no entanto.
- Entendo porque Donald fez sua proposta sobre os muçulmanos - afirmou Cruz.
- Vamos deter os ataques terroristas antes que aconteçam porque não seremos politicamente corretos - disse.
As críticas ao favorito vieram, novamente, de Jeb Bush: "Donald, não vai ganhar a presidência à base de insultos".
O senador Marco Rubio, filho de imigrantes cubanos, criticou o fato de Cruz ter apoiado a proibição da coleta de metadados telefônicos pela NSA, e também pelo tema da imigração ilegal, um ponto importante na disputa republicana. Rubio disse estar "aberto" a que os imigrantes sem documentos, após dois anos de status temporário, "recebam um green card", o que abriria a porta para a eventual obtenção da cidadania.
Trump não teve destaque no evento de Las Vegas, como aconteceu nos debates anteriores. Mas isto não impediu que conseguisse manter a vantagem sobre os rivais. O populismo anti-imigração e antimuçulmano do magnata parece tocar um ponto sensível entre os conservadores. De acordo com uma pesquisa Washington Post/ABC, 59% dos eleitores republicanos elogiam a ideia de fechar a fronteira aos muçulmanos.
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