É praticamente impossível dirigir dentro da lei no trecho da RSC-101, entre Osório, no Litoral Norte, e Tavares, no sul do Estado. São centenas de buracos que obrigam motoristas a andar em ziguezague, a transitar pelo acostamento e até mesmo a parar o carro. Nos pontos mais críticos, e não são poucos, o jeito é reduzir completamente a velocidade e escolher a menor cratera a ser cruzada.
O percurso de cerca de 200 quilômetros é administrado pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem do Rio Grande do Sul (Daer) e, ainda que asfaltado e melhor do que já foi um dia, está longe de perder o apelido de "Estrada do Inferno" - alcunha que se torna ainda mais apropriada próximo ao km 152, em Mostardas, onde buracos viram panelões de até dois metros de largura e 10 centímetros de profundidade.
- Moro aqui há 15 anos, e a situação sempre foi assim. Há cinco anos até fizeram um tapa-buracos caprichado. Depois disso, o Daer só vem aí com uma caçambinha, tapa os buracos que dá, vira as costas e tchau. Sobra para a gente a demora (nos deslocamentos), a insegurança e o custo com a manutenção dos carros - lamenta o agricultor Dirceu Oliveira, 50 anos, morador de Mostardas que usa a estrada diariamente.
Antes federal, a estrada passou para a responsabilidade do Daer em 2006. De acordo com o departamento, desde então, a manutenção é feita "sempre que há possibilidade" - só que, quando os recursos são escassos, as tais possibilidades também se tornam raras. Um dos últimos reparos feitos na rodovia foi concluído no ano passado, após muitos protestos: a operação tapa-buracos no trecho entre Capivari do Sul e o distrito de Solidão, em Mostardas. Em 84 quilômetros, a situação ficou só um pouco melhor.
- Eles arrumam um pedaço, nunca toda a extensão. Quando acabam de um lado, o outro já estragou de novo. Além disso, a parte que foi restaurada no ano passado ainda está sem sinalização e sem faixa branca no meio da pista. É terrível andar à noite ou em dia de chuva - afirma Claudecir da Rosa, 36 anos, serrador.
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Recentemente, o Daer recebeu material asfáltico da Petrobras, e as obras de restauração do restante da rodovia já possuem empresa contratada. Elas aguardam, no entanto, a liberação de recursos. Enquanto isso, nesta semana, reparos menores serão realizados no trecho de Bacopari-Mostardas (onde o fluxo é mais intenso no verão), afirma o órgão.
Estrada do Inferno
Buracos desafiam motoristas na RSC-101, entre Capivari do Sul e Tavares
Trecho de cerca de 200 quilômetros chega a ter panelões de dois metros de largura e 10 centímetros de profundidade
Bruna Scirea
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