Ari Gheler, 66 anos, e Rosângela dos Santos, 50, saíram de Cascavel (PR) no sábado. Descarregaram implementos agrícolas em Arroio Grande e seguiriam para Rio Grande, onde carregariam nova carga para seguir viagem - mas tiveram o trajeto interrompido por caminhoneiros grevistas que se concentram às margens da BR-392, em Pelotas.
Mesmo com o imprevisto, o casal de motoristas não reclama. Estava ciente da mobilização prevista para esta segunda-feira e apoia as causas da categoria: redução do preço do diesel, pedágios mais baratos e incremento no valor do frete.
- Espero que desta vez melhore. Com esse preço do frete, não dá - disse Rosângela, enquanto temperava o feijão que preparava para o almoço na cozinha improvisada ao lado do caminhão.
Nos protestos de motoristas de carga ocorridos entre fevereiro e março no país, o casal teve de dormir às margens de uma estrada. Por isso, desta vez, deram um jeito de garantir uma vaga no pátio de um posto de combustíveis para armar a casa improvisada. O Posto Coqueiro, no km 66 da rodovia, virou o endereço da vez.
Nem o calorão que beirava os 30ºC em Pelotas incomodou a dupla. Rosângela aproveitou o tempo bom para colocar a "lavanderia de um mês" em dia. No posto, lavou seis calças jeans, um par de cobertores, dezenas de meias e as estendeu em um varal pregado entre a caçamba de dois caminhões.
Motorista de cargas há 43 anos, Ari desabafa:
- Enfrentamos quase todas as paralisações que tiveram. Na última, ficamos 12 dias para sair de Cascavel e ir a Não-Me-Toque. Mas não foi resolvido nada. A primeira coisa seria diminuir o preço do combustível.
Sem previsão de ter a passagem para o Porto de Rio Grande liberada, Ari e Rosângela aguardam, com o veículo estacionado, o desfecho da greve da categoria que integram: a de caminhoneiros autônomos.
Acompanhe a mobilização na BR-392 em Pelotas:
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Confira no mapa onde as manifestações ocorrem: