Os empréstimos intermediados pelo Estado para a recuperação dos Hospitais Beneficentes e Santa Casas gaúchas tendem a amenizar a crise financeira enfrentada pelo setor. No entanto, um novo fator preocupa os responsáveis pelos locais: o desemprego. A situação leva pacientes que possuíam planos de saúde corporativos a procurarem atendimento gratuito, fazendo aumentar a lotação e, consequentemente, as dívidas das instituições.
“O desemprego faz com que aquele individuo que estava ao abrigo de um plano de saúde, passados seis meses, ele já migra para o sistema público de saúde. Aumenta a fila do SUS com o subfinanciamento brutal, com atraso no pagamento”, relata o presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Rio Grande do Sul, Francisco Ferrer.
De acordo com um levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), o Brasil perdeu 500 mil associados a planos de saúde em 2015. Os dois principais motivos são a desistência de pagar a mensalidade ou o desligamento por parte dos convênios por inadimplência.
Em relação aos últimos anos, os atrasos nas parcelas aumentou em 2015. Entre janeiro e agosto, 46,5% dos conveniados atrasaram as parcelas. Em 2014, o índice foi de 2,9% e em 2013 o número chegou a 7,1%.
Temor
Outro temor apontado por Ferrer é a expectativa de que repasses federais, através do Ministério da Saúde, sejam encaminhados parcialmente em dezembro. A situação é encarada como dramática, já que os gastos dos hospitais aumentam ao final de cada ano devido ao pagamento do 13º salário aos funcionários.
Financiamentos
Os atrasos em repasses referentes a 2014 e 2015 levaram a um acordo entre a Federação e a Secretaria Estadual da Saúde. Empréstimos a 217 instituições, em um total de R$ 300 milhões, foram autorizados pelo Piratini. As instituições contratam as operações e o Governo fica responsável em quitar as parcelas em 36 meses, com carência de um ano.
No entanto, a burocracia emperra as negociações. Até o momento, 45 hospitais (cerca de 20% do total), conseguiram assinar os contratos. O restante ainda tenta obter a documentação e as garantias exigidas pelas instituições financeiras.
Beneficentes
Os atendimentos pelo SUS correspondem a 70% do funcionamento dos hospitais filantrópicos do Estado. No país, esse percentual é um pouco menor, de 50%.