Professores, funcionários, pais e 980 alunos do Colégio Estadual Professor Nicolau Chiavaro Neto, no Centro de Gravataí, estão preocupados com o futuro da instituição. Desde sua fundação, em 1991, a escola, que atende a alunos do quinto ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio, nunca teve sede própria. Este ano, porém, os proprietários pediram a estrutura de volta e hoje, faltando 50 dias para o fim do ano, todos se perguntam: a instituição irá fechar e distribuir os alunos ou irá para um novo local?
O espaço atual em que está a instituição pertence ao Colégio Dom Feliciano, rede privada de ensino. Anualmente, o contrato de aluguel é renovado. A mensalidade atual é R$ 30 mil. Desta vez, a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria pediu o prédio de volta para ampliar o atendimento aos próprios alunos.
De acordo com a diretora do Colégio Estadual, Tânia Lopes, desde que assumiu o cargo, em 2007, lida com a incerteza.
- Primeiro, nos falaram que o governo já havia comprado um terreno para construir a nossa escola. Depois, que iríamos continuar de aluguel em outro prédio. Queremos saber exatamente o que irá acontecer - diz Tânia.
Dúvida recorrente
Segundo ela, já estão sendo feitas as rematrículas, mesmo sem saber o destino da instituição. Entretanto, novos estudantes não estão sendo admitidos:
- Se sairmos daqui, os alunos das escolas fundamentais do Centro podem ficar desassistidos, pois as outras duas opções de ensino médio, a Barbosa Rodrigues e a Josefina Becker, estão lotadas.
Beatriz (E), Isadora e Bruna: incerteza que incomoda - Foto: Fernando Gomes
Alunas do primeiro ano do ensino médio, Beatriz Avila, Isadora Quadros e Bruna Ferreira, todas com 15 anos, dizem que a situação incomoda a todos.
- Todo fim de ano é a mesma história: o que vai acontecer com a escola? Nossos pais estão há seis meses esperando respostas, e nós também - lamenta Isadora.
prédio terá de ser adaptado
Pela urgência em desocupar o espaço que pertence à escola particular e pela necessidade em continuar no Centro, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) afirma que irá alugar um novo prédio de maneira provisória. A estrutura cogitada fica próxima à atual escola, porém, os documentos para o novo aluguel ainda não foram assinados.
A assessora do Gabinete de Obras da 28ª Coordenadoria Regional de Educação, Eliane Dutra Fofonca, diz que o aluguel já está confirmado:
- A minuta (contrato de locação ainda não assinado) está no Jurídico para ser finalizada. A previsão é de que o aluguel tenha início em janeiro.
O aluguel irá custar R$ 35 mil por mês. A estrutura, um prédio comercial, possui alvará para funcionar. Entretanto, a Seduc pediu alterações para adequar o local para receber crianças, como colocação de grades nas janelas e divisórias nas salas, que irá custar em torno de R$ 20 mil. Há um impasse sobre as adequações. A Seduc diz que o proprietário é quem deve ajustar o local e este, por sua vez, não quer fazer as alterações sem a garantia de locação.
Temporariamente, segundo o governo, os alunos terão que utilizar as quadras esportivas dos colégios estaduais Barbosa e Josefina para a Educação Física.
Dinheiro da locação construiria nova escola
A Seduc informou que a escola nunca teve um prédio próprio pois "na época (em 1991) houve uma necessidade de atender à demanda de alunos da região central". Uma área está sendo estudada pelo Estado para a construção de uma nova escola.
Edifício comercial é a opção - Foto: Fernando Gomes
Se considerado o valor atual do aluguel, o Estado gastou cerca de R$ 8,6 milhões nestes 24 anos. Segundo a Seduc, o preço médio da construção de uma escola para 1,2 mil alunos é de R$ 6 milhões. Ou seja: com o dinheiro do aluguel já poderia ter sido construída uma nova escola.
Das 2,5 mil escolas da rede estadual, cerca de 80 (3%) funcionam em prédios alugados. As mais recentes locações ocorreram em casos emergenciais, como a Escola Bairro do Parque, em Esteio, interditada para reparos no telhado após um temporal.