No beco em que José Carlos dos Santos, o Seco, conhecido assaltante de carros-fortes no Estado, queria instalar um braço da facção "Bala na Cara", de Porto Alegre, e dominar o tráfico de drogas, o clima é de tranquilidade. Alguns moradores dizem que, depois da Operação Palco, da Polícia Civil, o "ambiente se acalmou".
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Outros afirmam que o Beco da Tela nunca foi violento. Apesar de ser um reduto em que o tráfico de drogas estava em evidência, os moradores garantem que a maioria das mais de 150 pessoas que moram no local é trabalhadora e sem envolvimento com qualquer tipo de crime. Para elas, o maior sofrimento é o preconceito:
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- É uma ou duas pessoas que estragam o nome do Beco, e todo mundo tem que pagar. Aqui, 95% das pessoas são de bem, e 5% são ruins, mas isso tem em tudo que é lugar. No Centro, também tem criminoso - afirma um morador.
Apesar de o clima ser amistoso entre moradores do beco e das redondezas, conforme relatou outro morador do Beco da Tela, no local há uma série de regras que são seguidas por todos.
- Aqui é bem tranquilo, mas o sistema funciona diferente, eles (os criminosos) têm as leis deles. Podemos deixar a nossa casa aberta que ninguém vai mexer. Mas, se hoje roubarem minha casa, hoje mesmo eu consigo as coisas de volta. A polícia é bloqueada em certas partes, e as leis deles acabam sendo boas. Infelizmente, é assim que funciona - explica o morador.
Ainda de acordo com esse mesmo morador, a violência que existe é somente por dívida de drogas. Segundo ele, o tráfico de entorpecentes não é algo velado. Pelo contrário, é escancarado, principalmente à noite. Mas, justamente por essa espécie de proteção, não há denúncias:
- É assim, a gente lida na camaradagem. O tráfico existe, na cara de pau, mas a gente não tem nada que ver, né? Ficamos na nossa. Eu até me sinto mais seguro com eles (os traficantes) aqui na esquina do que sem ninguém - ressalta.
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Naion Curcino
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