Apesar do sol, que apareceu durante boa parte do dia nesta terça-feira, os moradores de Tapes, na região sul do Estado, seguem preocupados com o avanço da água da Lagoa dos Patos. É que agora o inimigo é outro. A chuva deu uma pequena trégua, mas o vento ainda persiste e ajuda para o avanço da água, que invade boa parte das residências.
- A gente coloca pedras para tentar proteger as casas. Nem sempre dá certo. É difícil controlar a natureza - diz o pescador Oscar Oliveira, 59 anos.
Na Vila dos Pescadores, onde residem mais de 100 famílias, a enchente fez com que pelo menos metade tivesse de sair de casa. Em algumas residências, o chão chegou a ceder. Paredes de casas de madeira desabaram. A água tomou conta de grande parte dos lares.
- Estamos batalhando, enfrentando. Só que a água não baixa. Mas como que a gente vai sair e deixar tudo aqui? Melhor ficar e tentar salvar o que a gente tem - argumenta Gilmar Beleia, 68 anos, pescador.
- Faz mais de uma semana que a gente está nessa situação. Aqui em casa, a água alagou tudo. Não tem como ficar. Tem que esperar o nível da lagoa baixar - relata Jonatan dos Santos Rosa, estudante, que vive a primeira cheia da lagoa em seus 20 anos de vida.
Dez famílias estão alojadas em uma pequena fábrica de gelo, que foi desativada e organizada - dentro do possível - para receber os moradores da Vila dos Pescadores. No local, também estão reunidas as doações da comunidade: alimentos e roupas, principalmente.
- Foi uma correria na madrugada, mas graças a deus fizemos um mutirão e conseguimos sair. Mas os móveis, nossas coisas, perdemos quase tudo - conta Carlos Joel Duarte, 46 anos.
Segundo os moradores, a prefeitura de Tapes está ajudando cedendo sacos de areia e pedras para impedir o avanço da água no chamado Saco da Lagoa.
* Zero Hora