A cada hora, aproximadamente sete pessoas foram mortas de forma intencional no Brasil em 2014 - o equivalente a cerca de 160 vítimas por dia.
Ao longo de todo o ano, conforme dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que deverá ser lançado na sexta-feira, 58,5 mil pessoas foram assassinadas. A mortandade representa um aumento de 4,8% em relação a 2013.
Para o vice-presidente do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, as cifras demonstram que o modelo de segurança pública empregado no Brasil "fracassou".
Segundo Lima, o país destinou cerca de R$ 70 bilhões para a segurança pública no ano passado. Ainda assim, os brasileiros testemunharam um aumento na violência:
- Estamos radicalizando na transparência das informações para mostrar que é urgente a necessidade de modernizarmos essa área, de promovermos uma reforma estrutural.
O anuário utiliza como critério a contabilidade de todas as "mortes violentas intencionais" no país, que somam homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, as mortes de policiais e as provocadas por ação policial.
A intervenção policial foi a segunda principal causa de mortes violentas no país, respondendo por 5,2% dos casos (3.022 casos). Ficou atrás somente dos homicídios dolosos, com 89,3% das ocorrências (52.305 mortes), mas à frente dos latrocínios, que responderam por 3,5% das vítimas (2.061 registros).
O anuário identifica que Alagoas, com 66,5 mortes violentas intencionais a cada grupo de cem mil pessoas, continua sendo o estado mais violento do Brasil mesmo com a redução de 3,5% em relação à taxa de 2013. São Paulo, apesar de ter um número expressivo de vítimas, com 5,6 mil mortes, tem a menor taxa de óbitos por cem mil habitantes do país - 12,7.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública é uma entidade não-governamental, sem fins lucrativos, responsável pela elaboração dos relatórios anuais sobre a violência no Brasil.
O levantamento foi realizado a partir de requisições às secretariais estaduais de Segurança Pública ou Defesa Social com base na Lei de Acesso à Informação e também por meio de cruzamento de informações disponibilizadas pelas mesmas secretarias na internet.