O vice-governador do Estado, José Paulo Cairoli, do Partido Social Democrático (PSD), esteve em Santa Maria durante a manhã e a tarde de sábado para um seminário da sigla mirando as eleições municipais de 2016. O político falou com a reportagem do "Diário" por cerca de 20 minutos. Na entrevista, Cairoli argumentou sobre os motivos que levaram ele e o governador José Ivo Sartori (PMDB) a quebrar uma das principais promessas de campanha: a de não aumentar tributos e, com isso, onerar o povo gaúcho.
Cairoli, que também é presidente estadual do PSD, disse que se a proposta não for aprovada na Assembleia Legislativa, a situação financeira do Estado fica inviável. Sobre novos parcelamentos dos salários, Cairoli não confirma que os servidores receberão apenas R$ 500 em dia.
AUMENTO DO ICMS
O projeto do governo do Estado, enviado à Assembleia Legislativa na última quinta-feira, que prevê o aumento de impostos, é criticado por especialistas, já que diminuiria ainda mais o poder de compra das pessoas e, consequentemente, a margem de arrecadação do governo não aumentaria. Cairoli diz que sempre foi contra este tipo de medida, mas que, neste momento, essa seria a única saída. O vice-governador admite que quem mais vai sofrer com isso será o consumidor.
- Nenhum governante tem como objetivo aumentar impostos, mas existe uma retração muito grande. Mas, na nossa situação, se não for feito isso, inviabilizamos o processo financeiro do Estado. Por isso, encaminhamos o aumento dos tributos na certeza que teremos um período de alguns anos de poder corrigir esse rombo. O imposto quem paga é o consumidor. E o pior, os mais atingidos são os de baixa renda - reconhece.
O pacote de tarifas deve entrar na pauta da Assembleia no dia 22 de setembro. A base governista é maioria na Assembleia, mas não é unanimidade que o projeto passe tão facilmente. Nos bastidores, é dito que secretários do PP, PDT e PSB, eleitos deputados, pudessem deixar os cargos e assumissem suas vagas como parlamentares para reforçar a votação.
- Conversamos com todas as forças da economia e com os partidos da base e colocamos que precisamos aprovar essa proposta. Alguns reagiram, o que faz parte. Não estamos pressionando, estamos levando essa alternativa, se entenderem que da forma que estamos fazendo está correta, teremos uma aprovação, mas nunca será folgada. Se entenderem que não é uma boa alternativa, vamos ver de que forma vamos passar esse período para pagar os compromissos - adianta.
PARCELAMENTO DOS SALÁRIOS
O vice-governador evitou falar sobre novos parcelamento do salários dos servidores, no entanto, admitiu que o Estado chegará ao final do mês com pouco recurso em caixa, já que as contas do governo foram bloqueadas para saldar a dívida com a União e a liberação ocorreu apenas na última quinta-feira. Com isso, apenas o que foi arrecadado desde a última quinta-feira até o dia 30 de agosto estará nos cofres gaúchos.
- Em maio já anunciávamos que teríamos dificuldades em pagar os salários. Chegamos ao ponto neste último mês. Chegaremos até o final do mês com pouco recurso para saldar o salário deste mês. Mas, qualquer número que se diga, agora, é incorreto, se é R$ 500, se será R$ 1 mil. O recebimento dos recursos estão totalmente fora das previsões. Há uma queda abrupta da economia e que está gerando menos impostos. Por isso, estamos tentando buscar recursos extras - explica.
DEPÓSITOS JUDICIAIS
Outro projeto que deve ser enviado à Assembleia é o que o aumenta o limite de saques por parte do governos dos depósitos judiciais, dos atuais 85% para 95% A medida injetaria, a curto prazo, cerca de R$ 1 bilhão aos cofres do governo. Para Cairoli, essa é mais uma medida paliativa e que mais prejudica do que ajuda, já que os juros pagos pelo Estado para utilizar esses recursos custariam cerca de R$ 3 milhões por dia.
- Esse dinheiro daria para 2 meses,3 meses, portanto, não resolve para este ano. Ainda não concluímos todas as negociações com o Tribunal de Justiça. Recebendo esse aumento de 85% para 95% temos a sensação que o assunto estaria resolvido, mas não está. Essa dívida que o Estado tem de mais de R$ 8,5 bilhões dos depósitos judiciais já nos custa R$ 3 milhões por dia. Esse é um custo muito elevado e não resolve - resume.