Uma série de gestões ruins e a falta de ações coordenadas fizeram com que o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, ficasse para trás em relação a terminais de outras capitais brasileiras, na opinião do superintendente de Infraestrutura Aeroportuária da Agência Nacional de Ação Civil (Anac), Fabio Faizi. Em workshop realizado em Guarulhos nesta terça-feira para discutir o setor, afirmou que a Infraero tem limitações difíceis de serem contornadas para tocar a esperada obra de ampliação da pista em 920 metros e defende o modelo de concessões como "solução para o problema de deficiência de gestão operacional" vivido hoje no país:
- A Infraero, queira ou não, fica limitada por uma série de questões legais (para aumentar a pista). Não há muita alternativa. Em Porto Alegre, os aspectos de segurança têm sido contornados com determinadas medidas. Porém, fisicamente, não tem jeito. Houve sucessão de más gestões, inclusive de administração local. Se ocorressem ações coordenadas, talvez a situação fosse diferente.
Seis cidades brasileiras contam hoje com o modelo de concessão à iniciativa privada: Brasília, Campinas, Rio de Janeiro (Galeão), Guarulhos, Natal e Belo Horizonte. As próximas devem ser Porto Alegre, Fortaleza, Florianópolis e Salvador, conforme edital lançado pelo governo federal no final de julho. As empresas têm 90 dias para apresentar projetos, levantamentos, investigações e avaliações técnicas que subsidiarão a modelagem da futura administração.
- Esperamos que, independentemente da estrutura que venha a ser composta nessas sociedades, que a experiência (internacional) continue chegando. Existem operadoras com conhecimento mundo afora. Os estudos estão recém começando na Secretaria de Aviação Civil (SAC). Claro, tem consequências, é necessário avaliar os impactos nas empresas, e isso é um tema de regulação econômica - salienta Fabio Faizi.
Entidade confirma que há interesse pelo Salgado Filho
Na lista de companhias do novo pacote de concessões, constam seis grupos e cinco empresas. Entre os nomes individuais aparecem a Triunfo, a Prosul, a P2 Gestão de Recursos, a Ernst & Young Assessoria Empresarial e a Construcap - CCPS Engenharia e Comércio. Entre os consórcios, constam a Verax e Geo Brasilis Consultoria; Setepla Tecnometal Engenharia, Sener e ATP Engenharia; Concremat Engenharia e Tecnologia, Aeroservice Consultoria e Engenharia e Lenc Laboratório de Engenharia e Consultoria; e Moysés & Pires, BF Capital, JGP, Logit e Proficenter. Também aparecem Radar PPP, junto com a PricewaterhouseCoopers, e Idom Consultoria; e a Helport Construções do Brasil e Corporación América.
Mesmo com a crise econômica enfrentada pelo Brasil, o diretor de comunicação institucional da Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (Aneaa), Marco Aurélio Pereira, acredita que as companhias estão realmente interessadas na concessão do aeroporto de Porto Alegre. De acordo com ele, a tendência é de uma concorrência "exitosa":
- Tudo depende de investimentos e é um momento difícil de obter financiamento e recursos adicionais. Mas que há interesse no Salgado Filho, não tenho dúvida. As empresas vão olhar o edital para avaliar as taxas de retorno, prazos, condições e tarifas, já que se trata de investimento pesado, e acho que o resultado será exitoso.
Em maio, o ministro da SAC, Eliseu Padilha, afirmou que o governo avalia a possibilidade de a Infraero passar a ter uma participação de apenas 15% na concessão do Salgado Filho. Segundo o ministro, o percentual permitiria à estatal manter sua osição no conselho das futuras concessionárias. Padilha ainda explicou que a área técnica da secretaria estuda uma projeção ainda menor, se for do entendimento dos consórcios.