Daniel Scioli e Mauricio Macri são da mesma geração, suas mulheres têm perfis semelhantes, ambos nasceram em famílias de origem italiana, tiveram uma criação privilegiada e agora sonham em presidir a Argentina.
Aos 58 anos, Scioli, ex-campeão mundial de motonáutica, lidera as pesquisas como candidato único com o apoio da Frente para a Vitória, da presidente Cristina Kirchner.
Mauricio Macri, 56, está terminando seu segundo mandato como prefeito de Buenos Aires e lidera o partido conservador Proposta Republicana (PRO), ficando atrás de Scioli nas pesquisas de intenção de voto.
Na terceira posição surge outro sobrenome italiano, o deputado Sergio Massa, um "kirchnerista" dissidente, de 43 anos, que fundou o partido Frente Renovadora (centro direita).
Se não fosse pela política, os três poderiam ser amigos devido às semelhanças, inclusive de suas propostas, mas agora disputam a presidência da Argentina nas eleições de 25 de outubro.
Com Scioli ou Macri na presidência a Argentina terá "um novo estilo", mais moderado do apresentado pela presidente Cristina Kirchner, concordam os analistas consultados pela AFP.
O esportista mais político
Graças a seu avô paterno, italiano de nascimento, Scioli cresceu entre privilégios em uma família proprietária da Casa Scioli, uma conhecida rede de eletrodomésticos da década de 80.
Formado na Universidade Argentina da Empresa (UADE) para seguir a carreira empresarial, Scioli apostou em sua paixão esportiva e foi oito vezes campeão mundial de motonáutica.
Em 1989, um grave acidente em uma prova no delta do rio Paraná lhe custou a amputação do braço direito, e Scioli teve que se reinventar.
Pai de uma filha na juventude e avô de uma menina, Scioli ainda joga na primeira divisão do Futsal argentino.
Sobre a influência de Kirchner em seu eventual governo, Scioli afirma: "posso e vou fazer o que falta, e vou fazer da minha maneira".
Scioli convive há 30 anos - casado, separado e junto novamente - com Karina Rabolini, uma ex-modelo e empresária do mundo da moda, que o apoia de todas as maneiras.
O prefeito cartola
Nascido em berço de ouro, Mauricio Macri carrega o peso de ser filho do empresário Franco Macri, um italiano que chegou à Argentina aos 19 anos, em 1949, e fez fortuna com sua capacidade de manter boas relações com os governos de todas as tendências, inclusive com a administração de Kirchner, adversária de seu filho.
A construtora dos Macri, uma das maiores da Argentina, se diversificou com o grupo SOCMA, que abrange os setores automotivo, transportes, energias renováveis e agrícola.
"Não queremos mais que quem ganhe as eleições se sinta como o dono do Estado", disse Macri nesta quinta-feira, ao afirmar que representa a opção de união nacional.
É preciso "a saudável rebeldia de querer mais, de merecer viver melhor", afirmou Macri, que há um mês adotou as políticas sociais mais populares do "kirchnerismo", após combatê-las por muito tempo.
Mauricio, que tem cinco irmãos, sempre desejou ser "o 9 do Boca ou cantor".
De fato, acabou sendo presidente do Boca de 1995 a 2007, em uma época de glória do clube que o lançou na política.
Foi casado três vezes, pela primeira vez aos 22 anos, com Ivonne Bordeu, com quem teve três filhos. A partir de 1994, esteve casado por nove anos com a modelo Isabel Menditeguy, e no momento está com a empresária Juliana Awada, 41, com quem tem uma filha de três anos.
Curiosamente, Awada e Rabolini são amigas.
* AFP