Em busca de aval para aumento de impostos, o governador José Ivo Sartori comandou nesta segunda-feira, no Palácio Piratini, uma bateria de reuniões com deputados aliados. Parlamentares de quatro siglas (PP, PDT, PSB e PPS) passaram pelo local, mas a única bancada a garantir apoio formal à proposta - que será enviada à Assembleia até quinta-feira - continua sendo a do PMDB, partido de Sartori.
- O objetivo das conversas não foi contar votos. Foi esclarecer um pouco mais as coisas, e isso nós conseguimos - disse o líder do governo no Parlamento, Alexandre Postal (PMDB).
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Se aprovada, a medida pode render R$ 2 bilhões extras por ano, a partir de 2016, mas o preço político é alto, tanto para a base quanto para o governador. Durante a campanha, Sartori prometeu não elevar a carga tributária. A gravidade da crise teria feito com que ele mudasse de ideia.
Disposto a evitar a derrota no plenário, o governador começou as tratativas pelo PP. Às 11h, com o mate na mão, recebeu o líder da bancada, Frederico Antunes, em seu gabinete. Apesar do clima amistoso e de reconhecer as dificuldades do Estado, o parlamentar manteve a posição pessoal: irá rejeitar a iniciativa. Os outros sete deputados do PP tendem a seguir a mesma linha.
- Tenho a convicção de que aumentar tributos não é a solução - argumentou Antunes.
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No início da tarde, foi a vez do PDT. O presidente da sigla no Estado, Pompeo de Mattos, chegou ao Palácio acompanhado do deputado Gilmar Sossella e dos secretários da Educação, Vieira da Cunha, e de Obras, Gerson Burmann. Entre um cafezinho e outro, o grupo ouviu o pedido de apoio e sugeriu que a medida seja limitada a, no máximo, três anos, mas também não assegurou apoio.
Por volta das 16h, Sartori dedicou-se ao PSB. O encontro teve a participação do deputado Elton Weber (PSB) e do presidente da sigla no RS, Beto Albuquerque. Na saída, Weber disse que a legenda não se posicionará antes de conhecer a proposta na íntegra.
- É uma decisão difícil e necessita de um diálogo maior com os setores atingidos - ponderou Weber.
À noite, o presidente do PPS no Estado, Paulo Odone, foi o último a ser recebido. A reunião foi interrompida por uma visita do senador mineiro Antonio Anastasia (PSDB), que veio a Porto Alegre participar de um evento na Assembleia.
- O senador falou da experiência no governo de Minas, que também aumentou impostos e teve bons resultados - relatou o ex-presidente do Grêmio.
Odone é diretor do Badesul desde o início do governo e deixou o Piratini defendendo o projeto de Sartori, embora a deputada Any Ortiz (PPS) tenha se declarado contrária.
As negociações devem prosseguir até quarta-feira. Conforme Postal, Sartori também pretende falar com a oposição sobre o tema.