PIB
Janot disse que os episódios de corrupção descobertos recentemente contribuíram para a queda, este ano, do Produto Interno Bruto (PIB).
Questionado sobre o impacto das investigações da Operação Lava-Jato na economia, o procurador defendeu a atuação dos investigadores.
- Essa questão do combate à corrupção, muita gente diz assim: 'vi num jornal, não lembro qual foi, que está havendo um impacto no PIB, da atuação da Lava Jato'. Não. A atuação da Lava-Jato não impacta o PIB, o que impactou o PIB foi a atuação criminosa, em detrimento da Petrobras, não a atuação da Lava-Jato. O que a gente faz, simplesmente, é investigar - afirmou Janot.
Vazamento
O procurador-geral da República disse estar certo de que o vazamento de supostos nomes citados pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, delator da Lava-Jato, não foi realizado por nenhum investigador. A suposta lista de indicados pelo dono da UTC foi publicada pela revista Veja.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi sabatinado nesta quarta-feira, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. Indicado pela presidente Dilma Rousseff para permanecer por mais um mandato à frente do Ministério Público, Janot negou que ele teria feito um acordo com o Palácio do Planalto para poupar investigações de determinados políticos na Operação Lava-Jato.
O procurador-geral disse que a Petrobras é alvo de "megaesquema" de corrupção.
- Eu, com 31 anos de Ministério Público, jamais vi algo precedente. Esse megaesquema de corrupção chegou a roubar o nosso orgulho e é por isso que a gente investiga, e investiga sério, esse esquema - afirmou.
Janot também comentou que há um mal-entendido sobre as delações premiadas e defendeu o procedimento que, segundo ele, acelerou as investigações. O procurador-geral destacou que a prática não é exclusividade do Brasil e ocorre também na França, em Portugal e na Itália, por exemplo.
- O colaborador (delator) não é um dedo-duro, não é um X9. Pela lei, primeiro ele tem que reconhecer a prática do crime e dizer quais são as pessoas que também estavam envolvidos na prática daquele crime - esclareceu.
Após a sabatina, o procurador-geral terá seu nome avalizado pela comissão. Se aprovada, a indicação segue para análise do plenário ainda nesta quarta. Para ser reconduzido, Janot precisa ser aprovado por 41 dos 81 senadores.
Veja outros pontos abordados ao longo da sabatina:
Collor
Numa bateria de duras perguntas que fez a Rodrigo Janot, o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) acusou o chefe do Ministério Público Federal de ser um "catedrático" em vazamentos de informações de investigações. Collor questionou se Janot tem como estratégia repassar dados a grandes veículos de comunicação.
Alvo de denúncia de Janot na Lava-Jato, o ex-presidente também perguntou o motivo pelo qual ele omitiu do seu currículo o fato de ter advogado contra a Orteng, ligada à Petrobras.
- Essa atuação é moralmente aceitável? - questionou.
Ele cobrou o motivo pelo qual Janot não abriu uma investigação sobre sociedade de propósito específico. Além disso, Collor quis saber o motivo pelo qual houve contratação de uma empresa de comunicação sem licitação pela Procuradoria-Geral da República. Ele questionou se o órgão alugou uma mansão no Lago Sul, em área nobre de Brasília, por R$ 67 mil. E ainda afirmou que o procurador tinha um parente "contraventor" procurado pela Interpol - ele estaria na lista vermelha. O ex-presidente pediu para fazer uma reinscrição, pois ainda tem uma "série de questionamentos".
Lava-Jato
Durante a sabatina no Senado, Janot revelou que a Operação Lava-Jato e outras investigações sob responsabilidade do Ministério Público Federal já resultaram no bloqueio e repatriação de mais de US$ 740 milhões.
- Estamos falando em 570 milhões de dólares, mais 170 milhões, são 740 milhões de dólares de repatriação e bloqueio no exterior - destacou o procurador-geral, ao responder a uma indagação do senador Blairo Maggi (PR/MT), que o questionou sobre o aumento de gastos com diárias internacionais de procuradores da República.
- Um vazamento dessa pretensa colaboração do senhor Ricardo Pessoa, que foi ter a uma revista, também está com inquérito instaurado. E esse vazamento para essa revista não foi de nenhum investigador - disse Janot.
Painel
Mesmo com a continuidade da sabatina de Janot, a CCJ do Senado abriu o painel de votação para que os senadores se manifestem se são a favor ou contra a recondução ao cargo do chefe do Ministério Público Federal. Parlamentares investigados por Janot na Lava-Jato apareceram para registrar o voto.
* Zero Hora, com agências