O Ministério Público pediu na segunda-feira a prisão preventiva de oito adultos e a internação provisória de seis adolescentes pela morte de Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17 anos, morto no último sábado em Charqueadas. O autor do pedido é o promotor de Justiça Roberto Carmai Duarte Alvim Junior. Os suspeitos integram o chamado "bonde Aba Reta", e foram identificados em imagens em câmeras de vigilância e em áudios gravados por eles e compartilhados no aplicativo de mensagens WhatsApp.
Ronei Júnior foi assassinado depois de participar de uma festa organizada para angariar fundos para a formatura da turma de terceiro ano da Escola Técnica Cenecista Carolino Euzebio Nunes. Um grupo de jovens foi barrado no evento (realizado no Clube Tiradentes, no Centro da cidade) e, por isso, teria ameaçado um amigo de Ronei.
Antes de ir embora, Ronei ligou para o seu pai, o empresário Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro, solicitando que buscasse a ele e ao amigo ameaçado. Os dois já entravam no carro quando foram puxados de volta pelos agressores. O empresário, que saiu do veículo para ajudá-los, também foi bastante agredido.
Em dois áudios que circularam pelo WhatsApp, um dos agressores narrou o espancamento. Rindo o tempo inteiro, ele descreveu a série de agressões, que incluíram chutes, socos, garrafadas e golpes com garrafas quebradas.
A morte de estudante e a forma como ocorreu motivaram uma passeata por ruas do centro de Charqueadas na manhã de segunda. Vestidos de branco, mais de cem jovens pediram paz e justiça.
Tímido e apegado à família
Durante a tarde desta segunda-feira, quatro amigos relembraram momentos vividos com o jovem descrito por todos como "tímido, estudioso, apegado à família e que não tinha inimizades".
- Na escola, ele só tirava notas altas. Era muito bom, principalmente em física - disse um colega de aula, de 16 anos.
Como a maioria dos jovens que moram em Charqueadas, Ronei gostava de participar de gincanas. E foi em uma dessas competições que ele viveu uma situação engraçada, lembrada pelo amigo Selton Lopes, seu companheiro na equipe Anonimos.
- Tinha uma tarefa, intitulada "judas perdeu as botas", que era para achar um sapato vermelho, num parque. Mas, no fim, foi o sapato que achou ele (Ronei). Ele saiu correndo, tropeçou e caiu. Quando viu, tinha tropeçado justamente no sapato vermelho - contou.
Já outro amigo, de 17 anos, que convivia havia seis anos com Ronei, o descreve como uma pessoa muito apegada à família.
- Era daqueles caras que iam do colégio para casa, e de casa para o colégio. No final de semana, normalmente saía com o pai e com a mãe dele. Só este ano é que ele começou a ir a festas - disse.
Ronei pretendia prestar vestibular para Mecatrônica no final do ano.