No primeiro discurso após apresentar nesta segunda-feira seu pacote anticrise ao governo federal, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que o Legislativo quer colaborar para o fim da crise:
- Não é uma colaboração do Senado Federal, é uma colaboração do Legislativo. Nós queremos ser vistos como facilitadores e não como sabotadores da nação.
Ele disse que as 27 propostas, batizada de Agenda Brasil, não tem por objetivo ajudar a gestão da petista. E citou o fato de que nesta quarta-feira o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, virá ao Congresso para discutir se aceita a iniciativa.
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Renan disse que sua agenda é uma colaboração não somente do Senado, mas do Poder Legislativo. Mais cedo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) lembrou que o sistema é bicameral. Cunha minimizou a aproximação do Palácio do Planalto com o Senado após o lançamento do pacote de Renan, também citando o fato que as propostas precisam passar pelas duas Casas legislativas.
- Vivemos pela Constituição um sistema bicameral. Não vivemos um sistema unicameral. As duas Casas têm de funcionar e aprovar suas propostas. Não dá para achar que só o Senado funciona ou só a Câmara funciona - afirmou Cunha.
Segundo Renan, sua obrigação como presidente do Congresso é procurar caminhos novos, mesmo correndo o risco de errar.
- Erro imperdoável numa crise é a inação, a abulia, esse erro procurarei sempre evitar. É preciso perder o medo de errar e de corrigir os erros - disse ele.
Renan, que se disse um "crítico transparente e claro do ajuste fiscal", defendeu um salto qualitativo no modelo de coalizão a partir de propostas e não com "fisiologismo". Para o peemedebista, é preciso encontrar saídas para a economia a partir da resolução da crise política. Segundo ele, só assim será possível respirar "os ventos da tranquilidade".
- Não estamos estendendo a mão a um governo que é efêmero e falível - afirmou o peemedebista, ao destacar que o governo Dilma "não é o Brasil" e que a proposta visa a atacar problemas que continuarão existindo após o mandato da presidente.
A oposição viu com ressalvas o pronunciamento de Renan. O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), disse que a Casa não é responsável pela crise atual.
- Não podemos ser massa de manobra no momento em que a nau naufraga, levada a pique pelo governo e pelo PT - criticou o tucano.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que a responsável pela crise é Dilma e o PT que estão no comando do país nos últimos 12 anos.
- Se o Senado Federal não votar essa pauta complexa, a responsabilidade da crise é do Senado ? Não. A causa de tudo isso é o projeto de poder do PT - acusou.