O deputado federal José Otávio Germano (PP-RS) é citado no primeiro relatório concluído das investigações a políticos pela Operação Lava-Jato - protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF) na última quarta-feira - como participante de um esquema de lobby a favor da empresa Fidens Engenharia.
Ao lado do deputado federal Luiz Fernando Ramos Faria (PP-MG), Otávio Germano pagou R$ 200 mil a título de "agrado" a Paulo Roberto Costa, então diretor de abastecimento da Petrobras, para favorecer a empresa Fidens Engenharia na contratação para a obra da Refinaria Premium I, no Maranhão, aponta o relatório. A dupla também agiu em favor da Fidens para a obra do Comperj, no Rio de Janeiro, complementa o texto. As informações são da revista Época.
Costa, que é delator do escândalo do Petrolão, relatou à Polícia Federal (PF) que o pagamento foi feito em espécie, escondido dentro de uma caixa de garrafas de cachaça durante uma reunião em um quarto no Hotel Fasano, no Rio de Janeiro. Os nomes de Germano e Faria aparecem nos registros de reserva do hotel em 30 de gosto de 2010. Há ainda a confirmação de uma diária de um quarto duplo, em nome de José Otávio Germano, entre 1º e 2 de setembro de 2010 - a estadia foi confirmada pelo parlamentar em seu depoimento, destaca a revista.
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Desde 2008, há outros registros de encontros entre os dois políticos e Costa, conforme a investigação. Além disso, foram mapeadas, pela PF, chamadas telefônicas entre os dois parlamentares e o presidente da Fidens Engenharia, Rodrigo Alvarenga Franco. Foram encontradas 27 ligações entre Germano e Faria, além de 44 contatos entre este último e Franco, ressalta a reportagem.
Segundo a revista, o lobby deu resultado. "Após a data do primeiro encontro entre Paulo Roberto Costa e a Fidens, a companhia teve o seu certificado de validade para se candidatar às licitações da Petrobras renovado, mesmo antes do prazo de vencimento", aponta a reportagem.
O laudo pericial da PF mostra que "foi apenas por volta do final do ano de 2009 que a empresa Fidens logrou êxito em participar de licitações de obras de grande porte junto à Petrobras, o que não ocorria até então, tendo se sagrado vencedora em algumas delas". A primeira grande obra que a Fidens conquistou foi a terraplanagem da Refinaria Premium I, em Bacabeira, no Maranhão. A companhia fazia parte de um consórcio formado com as empresas Galvão Engenharia e Serven-Civilsan, alvos da Lava-Jato. Depois, a Fidens ganhou mais duas obras ainda em 2010 e outras duas em 2011, segundo o relatório da PF.
Advogado diz que PF não tem provas contra José Otávio Germano
O advogado do deputado federal José Otávio Germano, Marcelo Bessa, disse que a PF continua fazendo ilações e que não tem provas de que seu cliente participou do esquema de corrupção da Petrobras. Procurado pela reportagem, Germano não quis comentar o relatório, apenas ponderou que foi apresentado um resumo das suspeitas que a PF já havia levantado contra ele. Já o seu advogado acusa os investigadores de fazerem conjecturas, mas não especifica de que tipo.
- Não há nenhum fato que seja colidente com as declarações prestadas por ele. Não vejo nada de novo ou que configure ilícito ou prova de que cometeram ilícitos. A Polícia Federal continua fazendo ilações - argumentou Bessa.
A assessoria do deputado Luiz Fernando Faria informou que o parlamentar estava em deslocamento de Brasília a Minas Gerais nesta sexta-feira e que ainda discutiria o assunto com seu advogado. Sobre o assunto, a assessoria ponderou que as informações estão sendo divulgadas pela imprensa e ainda não haviam sido comunicadas oficialmente.