Apesar dos apelos e recados públicos de ministros sobre a necessidade de aprovar o ajuste fiscal e frear os gastos públicos, a Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira, em primeiro turno, proposta de emenda à Constituição (PEC) que vincula o teto dos subsídios de advogados públicos e delegados das polícias Federal e Civil a 90,25% do que recebem os ministros do Supremo Tribunal Federal. Foram 445 votos a favor, 16 contra e seis abstenções. Emendas à medida serão analisadas na próxima terça-feira.
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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que condicionará a votação em segundo turno dessa PEC à aprovação de outra PEC, a que impede o repasse de encargos a entes federados sem a designação da fonte de receita. Em seguida, terá de passar por duas votações no Senado. O governo estima que o aumento na Advocacia-Geral da União eleva em R$ 2 bilhões ao ano os gastos dos cofres federais e em R$ 15 bilhões nos Estados e municípios.
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Ao longo do dia, antes da votação, num momento em que o governo enfrenta uma rebelião na base aliada, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, em audiência pública, defendeu ''responsabilidade compartilhada" sobre as mudanças que o governo tenta colocar em prática, referindo-se ao ajuste fiscal. O deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS) alfinetou o ministro dizendo que a base aliada tem votado contra os interesses do governo e que não é culpa da oposição a demora na aprovação do ajuste fiscal.
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Em reunião com o vice-presidente Michel Temer, os líderes aliados lavaram roupa suja e avisaram: o governo continuará perdendo votações importantes na Câmara como forma de retaliação. O encontro foi tratado no Planalto como "catastrófico".
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As reclamações da base aliada foram desde a demora nas nomeações políticas para o segundo escalão, passaram pela não liberação de emendas parlamentares e culminaram com a constatação sobre a péssima relação com o Planalto. Em fala emocionada, Temer disse que "é preciso pensar no país acima dos partidos, do governo".