A novela em torno do hospital regional de Santa Maria parece não ter fim. O desfecho em torno da obra, que custou até o momento R$ 45 milhões, ainda parece estar longe. O hospital acumula um histórico de reuniões, políticas e técnicas, que não trouxeram nenhum efeito prático.
Nesta sexta-feira, houve uma reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), em Porto Alegre, e era esperada a pactuação em torno do nome da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O que não aconteceu.
O deputado federal Osmar Terra (PMDB), que fez frente à vinda do regional para Santa Maria, sustenta que o município carece de um hospital que comporte a demanda da cidade e também da Região Central:
- A região é a pior em atendimento médico-hospitalar do Estado. O que Santa Maria precisa é de um grande hospital geral, o que inexiste hoje. Há um déficit de, no mínimo, 20% dos leitos que a cidade, de fato, precisaria.
O parlamentar que conversou, por telefone, com o "Diário" sustenta que a unidade já poderia estar em funcionamento. Porém, segundo ele, o então prefeito Valdeci Oliveira (PT) teve sua parcela de culpa no atraso do início das obras:
- Em Santa Maria, as coisas são difíceis. Recordo que tentei junto à prefeitura, na época do Valdeci, buscar um desfecho. Houve uma falta de interesse dele. Ele e a sua gestão não conseguiram viabilizar uma área para o hospital. Só conseguimos um área (em referência ao terreno doado por José Antônio Schons) no governo do Schirmer.
O deputado Valdeci Oliveira, que comandou Santa Maria de 2001 a 2008, rebate a declaração de Terra. O petista afirma que foi na gestão dele que se fez mudanças no Plano Diretor do município para receber o empreendimento:
- Isso não é verdade, é algo absurdo e irresponsável de ser dito. Eu mudei o Plano Diretor do município para garantir o hospital. A verdade é que, sempre que ele se mete nos assuntos de Santa Maria, as coisas não acontecem. O Osmar Terra deveria cuidar da região dele e não das coisas de Santa Maria.
Modelo e empresa são alvo de crítica
Terra ainda sustenta que o propósito inicial do hospital regional foi esquecido: atender às demandas da população e acabar com a fila de espera para procedimentos simples de cirurgias. Segundo ele, o regional não deve ser, a exemplo do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), um hospital-escola. Terra reforçou sua crítica a uma possível gestão do regional pela Ebserh.
- O regional não deve ser de especialidades ou um hospital-escola. O Husm tem limitações sérias. Lá, se tem um modelo que é o do hospital-escola. O tempo de internação é certamante é o dobro do que, por exemplo, o do Caridade (Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo). Não se tem como dar resposta e eficiência por meio do Husm e da Ebserh. Se eu fosse secretário da Saúde não aceitaria a Ebserh.
O deputado entende que há caminhos e saídas como, por exemplo, parcerias com instituições filantrópicas e que contam com recursos próprios. Ele é enfático ao dizer que é uma armadilha acreditar que a Ebserh injetará recursos públicos na gestão do regional.
- Temos de apostar em, por exemplo, caminhos que não nos levem longe para o peso da máquina pública, que é muito burocrática e pesada. Precisamos de alternativas e do que for mais econômico. O que as pessoas querem é um atendimento geral, imediato. Precisamos de um atendimento em escala e eficiente para acabar com a fila em Santa Maria e na Região central. As portas do Husm são pequenas. Temos de ter uma proposta de interesse público.