O presidente iraniano, Hassan Rouhani, comemorou, durante um discurso televisionado ao vivo nesta terça-feira, o acordo nuclear alcançado em Viena com as grandes potências, garantindo que foram alcançados todos os objetivos do Irã.
- Este é um acordo mútuo, um acordo de reciprocidade - disse ele, observando que todos os nossos objetivos foram alcançados neste acordo que permitirá o levantamento das sanções e o reconhecimento de um programa nuclear civil. "Deus respondeu às orações de nossa nação".
Rohani fez o seu discurso alguns minutos após a intervenção do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que foi transmitida ao vivo pela televisão estatal iraniana.
Esta é a segunda vez em 36 anos que o discurso do presidente dos Estados Unidos - que romperam relações diplomáticas com Teerã em 1980, após a revolução islâmica - é transmitido ao vivo pela televisão estatal iraniana.
Um discurso precedente de Obama também foi transmitido pela televisão estatal em abril, após as negociações que levaram, em 2 de abril, a um pré-acordo entre o Irã e as grandes potências.
- O Irã jamais procurará ter uma arma nuclear - afirmou Rouhani, cujo país era acusado pelo Ocidente de querer desenvolver armas atômicas ao abrigo de um programa nuclear civil, acusação repetidamente negada por Teerã.
Irã e potências enfrentam "hora da verdade" em negociação nuclear
Ele acrescentou que tal arma era "contrária à nossa religião" (muçulmana) e ia contra um decreto do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que proibiu o prosseguimento das pesquisas relacionadas ao desenvolvimento da bomba atômica.
O presidente iraniano voltou a repetir em seu discurso a promessa aos países da região, preocupados com o programa nuclear do Irã, que nunca tinha procurou "colocar pressão" sobre os seus vizinhos e que nunca faria isso.
O acordo é um "ponto de partida" para restaurar a confiança com o Ocidente, disse o presidente iraniano, um moderado cuja eleição em junho de 2013 marcou uma ruptura com o seu antecessor, Mahmoud Ahmadinejad, um conservador que manteve extremamente tensas as relações com os países ocidentais.
- Se esse acordo for aplicado corretamente (...) podemos eliminar gradualmente a desconfiança - disse ele.
O Irã e as grandes potências alcançaram nesta terça-feira em Viena um acordo histórico sobre o programa nuclear iraniano, uma questão que envenenava as relações internacionais há 12 anos.
Este acordo torna quase impossível o desenvolvimento de uma bomba atômica por Teerã por vários anos em troca de um levantamento gradual e reversível a partir do primeiro semestre de 2016 das sanções internacionais que sufocam a economia iraniana.
Uma autoridade americana ressaltou que as sanções poderiam ser "reintroduzidas" em caso de violação do acordo por parte do Irã, reiterando uma ameaça feita pelo presidente Barack Obama.
Este acordo abre caminho para a normalização das relações econômicas e diplomáticas entre o Irã e a comunidade internacional, num momento em que o Oriente Médio está dilacerado por numerosos conflitos.