O Papa Francisco levou para o Vaticano a réplica do polêmico "crucifixo comunista" ofertada pelo presidente boliviano Evo Morales. Sem demonstrar indignação com o presente, admitiu à repórter Elisabetta Piqué, do jornal La Nación:
- Trago-o comigo.
A escultura, entalhada pelo padre jesuíta espanhol Luis Espinal Camps, morto em 1980 na Bolívia, gerou um dos episódios mais polêmicos do pontificado de Francisco. Ao chegar a La Paz, ele recebeu a obra das mãos de Evo, inicialmente com o semblante fechado. A representação de Cristo sobre a foice e o martelo, símbolo da aliança operária e camponesa pregada pelo movimento comunista, escandalizou católicos e leigos do mundo inteiro.
Presidente da Bolívia entrega ao Papa crucifixo de foice e martelo
O Papa disse que conhecia o pensamento teológico de Espinal, "um entusiasta dessa análise da realidade marxista e também da teologia usando o marxismo". Segundo Francisco, no início dos anos 1980 a Teologia da Libertação "tinha muitos ramos", e um deles propunha uma análise marxista da realidade.
- Para mim não foi uma ofensa, mas tive que fazer essa hermenêutica (relacionar a obra e a vida de Espinal) e digo isso a vocês para que não haja interpretações - finalizou.
"Roma locuta, causa finita (Roma falou, a discussão acabou)", diz um antigo ditado latino. Hoje, é mais provável que a discussão fique mais acirrada.
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Luiz Antônio Araujo: ainda o Papa e o crucifixo
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