O esclarecimento da tentativa de roubo a um carro-forte, segunda-feira, na Serra, passa pela identificação de especialistas em explosivos. A polícia acredita que são os mesmos que dinamitam caixas eletrônicos, "fornecendo serviços" a bandos que se revezam entre ataques a terminais e blindados com valores.
- Nosso principal foco é prender quem tem o domínio dos explosivos - afirma o delegado Joel Wagner, da Delegacia de Repressão a Roubos e Extorsões, ligada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
"Eles são experientes", diz motorista de ônibus parado em roubo a carro-forte em Flores
Assaltantes que atacaram carro-forte em Flores fugiram em direção a Antônio Prado
GALERIA DE FOTOS: confira imagens do ataque
Buscas a esses "profissionais" têm sido intensas. Desde junho de 2014, agentes do Deic travaram confrontos com peritos em detonações, evitando três ataques, dois deles a blindados e um a caixa eletrônico. Em dois dos embates, três desses especialistas acabaram mortos e foi apreendido armamento pesado (veja abaixo).
As ações policiais somadas a medidas de segurança adotadas por empresas de transporte de valores - reforço na estrutura dos blindados - ajudaram a reduzir ataques. O delegado lembra que, nos últimos dois anos, foram registrados quatro casos, sendo que apenas no primeiro, em novembro de 2013, os bandidos levaram dinheiro do cofre do carro-forte.
Enquanto o ataque a blindados registra baixos índices, as ações contra caixas eletrônicos triplicam. Na madrugada desta quarta-feira, ocorreu mais um caso em Lagoão, no Vale do Rio Pardo, com a explosão de dois terminais do Banrisul. Nos últimos cinco anos, considerando uso de dinamite e de maçarico, o número de casos cresceu 231,2%.
- Caixa eletrônico exige menos preparação. Para atacar um blindado, quadrilhas precisam de logística maior, sabem que vão enfrentar cinco vigilantes armados e, por vezes, com escolta - explica Wagner.
Outra tentativa de identificar os assaltantes do ataque de segunda-feira é a análise de impressões digitais em um Corolla abandonado pelos ladrões em Antônio Prado.
Confrontos, mortes e apreensão de armas
- Intenso tiroteio entre policiais e assaltantes na ERS-400, entre Candelária e Passa Sete, no Vale do Rio Pardo, em junho de 2014, evitou ataque a carro-forte e resultou na morte de Carlos Ivan Fischer, o Teco, 47 anos, considerado hábil manipulador de dinamite. Além de Teco, outros dois homens foram mortos e um quarto, preso. O bando tinha três fuzis.
- Em maio deste ano, em Nova Hartz, no Vale do Sinos, agentes do Deic se anteciparam a um ataque a banco, apreendendo dinamite, quatro fuzis e uma espingarda. Três homens foram presos, entre eles João Adão Ramos, o João das Couves, conhecido assaltante perito em explosivos.
- Em 10 de junho, a polícia afirma ter evitado ataque a carro-forte ao apreender arsenal com quadrilha em uma oficina mecânica, em Caxias do Sul. Houve confronto, cinco homens foram presos e dois mortos, entre eles Nelson de Lima Velasquez, 42 anos. Condenado até 2038, mas em liberdade condicional, ele teria domínio de técnicas de detonação.