A economia grega encolheu em quase um terço entre 2008 e 2014. O desemprego atingiu 28%. O país chegou a um beco sem saída nas negociações com os credores. Depois da vitória já assegurada do não no plebiscito deste domingo, os gregos estão ameaçados de cair fora do clube do euro.
Diante disso, o que dezenas de milhares de pessoas estão comemorando no centro de Atenas como se o país tivesse conquistado a Copa do Mundo?
Uma velha história grega narra a chegada de um homem a uma cidade assolada por um monstro. Aos viajantes, a criatura propõe um enigma. Os que não conseguem decifrá-lo são devorados. Há uma montanha de ossos nos arredores - os restos dos que não mataram a charada. O herói consegue deslindar o mistério. O monstro, inconformado, lança-se num abismo.
Nos últimos sete anos, os gregos viveram sob o jugo de um enigma maior que o da lenda. Seus termos são bem conhecidos. Um país - a Grécia - tem uma dívida que quase alcança, em tamanho, o dobro da soma de todas as riquezas que produz. Como reduzir a dívida? Todos os que se arriscaram por esse caminho, até ontem, deram uma única resposta: cortar gastos públicos. Cortes foram feitos, o país ficou mais pobre, foi preciso obter empréstimos para pagar credores - e a dívida cresceu. Muitos ossos ficaram pelo caminho.
Ontem, a Grécia mais uma vez se defrontou com o problema.
Oráculos e adivinhos de todos os quadrantes apostaram que a solução seria a mesma de sempre. Afinal, qualquer um sabe que não há outro caminho possível.
Mas os gregos, como o viajante da velha história, encontraram uma resposta diferente para o enigma.
É um vocábulo bem simples.
Tem três letras.