Em entrevista concedida ao Jornal Nacional, exibida pela TV Globo na noite desta quinta-feira, a advogada Beatriz Catta Preta disse que irá abandonar a profissão. Ela atuava na defesa de Julio Camargo, delator que narrou ter pago US$ 5 milhões ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
- Depois de tudo que está acontecendo, e por zelar pela segurança da minha família, dos meus filhos, eu decidi encerrar a minha carreira na advocacia. Eu fechei o escritório - afirmou.
Beatriz informou, ainda na semana passada, ao juiz Sérgio Moro, que estava deixando os seus clientes. Perguntada pelo repórter se recebeu ameaças, a advogada disse que "elas vêm de forma velada, cifradas" e que o foco de retaliação aumentou após o depoimento de Julio Camargo.
- (A intimidação) Vem dos integrantes da CPI, daqueles que votaram a favor da minha convocação - disse a advogada na entrevista.
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, aceitou na tarde desta quinta-feira o pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) desobrigando Beatriz de prestar esclarecimentos à CPI da Petrobras. O ministro também criticou a convocação da advogada, classificando a atitude da CPI como "inadmissível".
"Para se preservar a higidez do devido processo legal, e, em especial, o equilíbrio constitucional entre o Estado-acusador e a defesa, é inadmissível que autoridades com poderes investigativos desbordem de suas atribuições para transformar defensores em investigados, subvertendo a ordem jurídica. São, pois, ilegais quaisquer incursões investigativas sobre a origem de honorários advocatícios, quando, no exercício regular da profissão, houver efetiva prestação do serviço", alegou o presidente do STF.
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A advogada teve sua convocação aprovada no dia 9 de julho pela CPI para prestar esclarecimentos sobre a origem dos honorários que recebeu como defensora de alguns dos principais delatores da Lava-Jato. Contudo, na semana passada, ela anunciou que estava deixando o caso logo depois que o depoimento em que Camargo citou Cunha veio à tona. A advogada comunicou também que renunciaria outros dois delatores da Operação Lava-Jato, o lobista Augusto Mendonça e o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco.
* Zero Hora