O Ministério da Educação afirmou ter sido "surpreendido" pela notícia de que a reitoria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) encaminhou um ofício com o objetivo de identificar a presença de israelenses na instituição. A pasta disse que irá apurar o caso. "O MEC manifesta seu claro posicionamento de que a Lei de Acesso à Informação não pode ser utilizada de forma a violar os direitos fundamentais de outros cidadãos. Ela não pode ser empregada como um instrumento para facultar a discriminação de qualquer tipo", diz trecho do documento.
Ofício da UFSM motiva queixas de preconceito contra israelenses
Federação Israelita do RS acionará Ministério da Educação por preconceito contra israelenses na UFSM
Segundo o ministério, "qualquer solicitação feita pela Lei de Acesso à Informação que leve a qualquer tipo de discriminação deve ser considerada desarrazoada e, portanto, não deve ser respondida".
- A história nos reporta lamentáveis fatos de pessoas que morreram vítimas de preconceitos de toda natureza, inclusive no Brasil. Por outro lado, muitos lutaram e ainda lutam para vencê-lo, de modo que todo este empenho de nossa sociedade não pode ser esquecido ou descartado - afirmou o ministro Renato Janine.
Entenda a polêmica:
2013
Abril - Em viagem a Israel, o então governador Tarso Genro acerta convênio com a empresa de tecnologia Elbit Systems. O acordo era parte de um plano de criar um polo aeroespacial no RS.
Junho - O Piratini cria comissão para viabilizar o polo, baseado em parcerias com empresas e instituições de ensino como a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O acordo com a Elbit é criticado por entidades pró-Palestina que veem a empresa como fornecedora de tecnologia militar empregada por Israel no confronto com palestinos.
2014
Agosto - Entidades de estudantes, professores e servidores da UFSM contrárias a um acordo com a Elbit entregam documento ao reitor com cinco perguntas sobre eventual relação da universidade com empresas ou pessoas israelenses. Uma dessas questões é sobre se há israelenses atuando na universidade. O reitor sustenta que o acordo não vingou por falta de financiamento.
2015
Abril - Ainda em busca de um comunicado oficial sobre eventual parceria com a Elbit, as entidades reencaminham o documento apresentado no ano anterior por meio da Lei de Acesso à Informação. Para responder a uma das questões, a pró-reitoria de pós­graduação manda ofício aos cursos questionando se há "discentes e/ou docentes israelenses" em cada um deles.
Maio - Cartazes de autoria desconhecida são espalhados nas redes sociais. Reproduzem o ofício da pró-reitoria, mas, sobre o documento, foi inserida uma mensagem em inglês dizendo "Liberdade para a Palestina. Boicote a Israel". O caso ganha repercussão e uma notícia-crime contra a reitoria da UFSM por discriminação é encaminhada ao Ministério Público Federal.