Nove presos foram denunciados nesta quinta-feira pela morte do traficante Cristiano Souza da Fonseca, conhecido como Teréu, que aconteceu no refeitório da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC).
A denúncia foi por homicídio triplamente qualificado, com qualificadoras de motivo torpe, meio cruel (no caso, asfixia) e recurso que dificultou defesa da vítima. Os denunciados são: Paulo Márcio Duarte da Silva, conhecido como Maradona, Ubirajara da Silva Barbosa (Bira), Luciano Alves Pereira, Rudinei Henrique de Abreu, Rudinei Pereira da Silva, Fernando Gilberto de Oliveira Araújo, Daniel Pereira Lopes, Paulo Leonardo Paixão Moraes e Erick Brum Paz.
Além da denúncia, o Ministério Público pediu para que a Justiça determine realização de mais diligências para investigar a conduta de dois agentes penitenciários que foram indiciados.
O caso
A morte do traficante Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, dentro da Pasc, no dia 7 de maio, levou exatos 10 minutos e 30 segundos. No dia, Teréu foi asfixiado com uma sacola plástica pelos detentos denunciados.
Teréu é apontado como mandante do crime que matou o traficante Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, em Tramandaí no início deste ano. No entanto, ele estava não estava preso por esse crime, mas sim por porte ilegal de munição.
Teréu e Xandi: como traficantes passaram de amigos a rivais
Confira a atuação de cada um dos indiciados no crime:
Ubirajara da Silva Barbosa (conhecido como Bira): Responsável por visualizar e cuidar a movimentação da guarda do presídio no crime. Ao perceber que os agentes não estavam atentos, fez o sinal para que o crime fosse executado. Depois, distraiu dois presos ligados a Teréu no corredor do presídio para evitar que impedissem a morte do traficante.
Paulo Márcio Duarte da Silva (conhecido como Maradona): Recebeu o sinal de Ubirajara e avisou outros três apenados para que dessem início à ação. Foi ele quem colocou a segunda sacola sobre a cabeça de Teréu.
Luciano Alves Pereira: Derrubou a vítima e a imobilizou com auxílio de outros dois presos. Posteriormente, colocou a primeira sacola sobre a cabeça de Teréu.
Rudinei Henrique de Abreu: Agiu no estrangulamento da vítima. À polícia, admitiu participação no crime.
Rudinei Pereira da Silva: Com Luciano e Rudinei Henrique, participou do estrangulamento do traficante.
Fernando Gilberto de Oliveira Araújo: Bloqueou a porta de acesso ao refeitório para evitar que apenados deixassem o local. Também se posicionou em local que dificultava que os guardas visualizassem o interior da sala. Foi quem levou as duas sacolas para a execução.
Daniel Pereira Lopes: Circulou dentro e fora do refeitório durante a ação. Ele auxiliou na execução ao dificultar a respiração de Teréu pisando sobre o seu corpo da vítima, na região do tórax, por cerca de 26 segundos. Depois, ajudou a arrastar o corpo.
Paulo Leonardo Paixão Moraes: Cuidou da movimentação da guarda e, com a vítima próxima a seus pés, continuou comendo - dando uma aparência de normalidade à ação.
Erick Brum Paz: Também circulou dentro e fora do refeitório durante a execução, ajudou a limpar o corpo da vítima e o chão e verificou os sinais vitais de Teréu depois de morto. Ele ainda retirou as sacolas da cabeça do traficante e as eliminou.
Agente penitenciário 1 (não teve o nome divulgado pela polícia): Era a responsável pelo monitoramento das câmeras de vigilância da Pasc e, ao negligenciar o trabalho e não avistar o que estava acontecendo no refeitório, não avisou os demais guardas e contribuiu para a morte, segundo a polícia.
Agente penitenciário 2 (não tem o nome divulgado pela polícia): Não era o responsável pelo monitoramento das câmeras de vigilância, mas entrou no setor e, ao conversar e chamar a atenção da agente que deveria realizar o serviço, a distraiu.
Os noves detentos foram indiciados por homicídio doloso (com intenção) duplamente qualificado.
Os dois agentes foram indiciados por homicídio culposo (sem intenção), por negligência.
Os motivos
Pelas conclusões da polícia, uma conjugações de fatores teria motivado os presos a matarem Teréu. Entre eles, estariam a forma violenta como havia tratado outros criminosos, a expulsão da família de um deles do Beco dos Cafunchos, onde Teréu era o líder do tráfico, e o desaparecimento de um taxista e de um líder comunitário nesta mesma região.
Leia as últimas notícias
Veja como estavam distribuídos os agentes da Pasc no momento do crime:
* Zero Hora e Diário Gaúcho