
Para o cidadão comum, mesmo um estrangeiro com residência passageira, o cotidiano francês rola macio, sem solavanco. Desde que integrado, com emprego ou alguma renda decente, mais moradia razoável, os serviços públicos proporcionam o que cada um precisa - escola boa para as crianças, espaços públicos de lazer muito generosos e espalhados por toda a geografia do país, saúde ok, passe gratuito em museus uma vez por semana, transporte muito eficiente. E segurança.
Atentado terrorista mata uma pessoa e fere duas na França
França, Kuweit e Tunísia vivem dia de ataques terroristas
Luiz Antônio Araujo: Coordenação ou coincidência?
No ar que cada um respira aqui há uma agradável sensação de tranquilidade, em contraste com a vida cotidiana brasileira dos últimos 25 ou 30 anos. Edifícios dão janelas para a calçada, sem grade; seria possível entrar em qualquer edifício sem dificuldade. Anda-se na rua com calma (menos o brasileiro, que se sobressalta à toa quando ouve passos atrás de si, dia ou noite).
E nada disso atenua a inquietação surda que o terrorismo impõe.
Na rua, na Paris deste dia de hoje, nada diferente do que conhecemos desde a reação aos atentados de janeiro, que ao contrário dos de hoje foram na cidade mesmo. Continua vivo o plano Vigipirate, esquema de controle que obriga a mostrar aos vigias de shoppings e prédios públicos o conteúdo de nossas bolsas, e tem posto policiais e militares por toda parte, armados e prontos para tudo. Única alteração: o Vigipirate subiu para o ponto máximo na região do atentado, um alerta acima do qual só há outro nível, o da ação antiterrorista.
Os sites de notícia e as televisões repetem o que todo mundo já sabe, neste mundo internético. O atentado de Isère, o único de hoje em território francês - como se essa circunstância aleatória aliviasse algo - , parece mapeado: o autor era fichado pelo serviço de inteligência. Como milhares de outros, que são, a rigor, incontroláveis, por mais que sejam conhecidos. São multidão, vivem em toda parte, têm conexões fortes em muitas partes, são sustentados por dinheiro e fé.
Um amigo informado me disse, hoje mesmo, que nos círculos encarregados do combate ao terrorismo se espera algo grande. Mas para quando? E onde?
Veja fotos do ataque: