Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira, o secretário estadual da Fazenda, Giovani Feltes, falou sobre a situação financeira do Rio Grande do Sul e anunciou que o funcionalismo público vai receber no dia 30 de junho. Tradicionalmente, a folha dos servidores é paga em três dias consecutivos (separados por categorias), mas desta vez o governo optou por pagar em um único dia, no último, para conseguir arrecadar a maior quantidade de recursos possível. No entanto, o governo gaúcho não conseguiu confirmar o pagamento de todos os servidores sem atraso.
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- Não há garantia de que haja dinheiro no dia 30 para pagar 100% da folha. Por um lado, temos que repassar recursos para hospitais e Santas Casas. E, ao mesmo tempo, temos que cumprir decisões judiciais para não atrasar salários de servidores - explicou.
O secretário também adiantou que as próximas fases do ajuste fiscal gaúcho devem ser aplicadas ainda neste ano. Entre as medidas estudadas, estão o corte de investimentos, a possível privatização de empresas públicas e mudanças na previdência, aos moldes das sugeridas pela presidente Dilma Rousseff.
- Serão indicativos para um lado que aponte para um Estado mais leve, com maiores condições de responder mais rapidamente aos reclames. Estamos acumulando ano após ano dificuldades e diminuindo nossa capacidade de dar respostas às expectativas da população - disse Feltes.
Sobre a privatização de empresas públicas, Feltes afirmou que a possibilidade está em discussão - e garantiu que o Banrisul estaria fora das instituições que poderiam entrar nesse pacote:
- Todas as situações estão sendo avaliadas, inclusive consideramos levamos em conta as empresas que têm dado resultado positivo. Isso já avaliamos há um bom tempo, mas estamos premidos por uma situação emergencial, crítica. Estamos de pés descalços, pisando sobre brasas o tempo todo.
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Segundo o secretário, no entanto, a medida pouco incrementaria no tesouro do Estado, uma vez que as empresas que poderiam ser "esplendorosas" do ponto de vista da capitalização do Estado já foram privatizadas na década de 1990, como por exemplo, as empresas de telefonia e energia elétrica.
- Não temos mais aquilo (empresas) que poderiam ser a solução para os problemas - afirmou.
Sobre a previdência, Feltes afirmou que as particularidades do Estado estão sendo discutidas e que é provável que nos próximos meses Sartori remeta à Assembleia Legislativa um projeto muito próximo ao aprovado pela presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional.
Em relação aos prejuízos gerados com os cortes de gastos, Feltes garantiu que os repasses à prefeituras relativos ao ICMS não serão afetados. Segundo ele, no entanto, o contingenciamento está nos investimentos - que, já poucos, estão sendo reduzidos praticamente a zero.
- O governo não é errático. Ele tem planejamento e, com parcimônia, está desencadeando um processo que me parece que levará o Rio Grande do Sul de novo para os trilhos.
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