O grupo Estado Islâmico (EI) lançou, nesta sexta-feira, uma série de ataques contra o Exército sírio na cidade de Hassake, uma importante capital provincial do nordeste da Síria, cuja queda constituiria um novo golpe para o regime de Bashar Al-Assad.
A batalha por Hassake começou em 30 de maio e segue nesta sexta-feira com "duros combates entre as forças do regime e o EI nos arredores da cidade, onde a Força Aérea bombardeia intensamente as posições jihadistas", de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
A queda desta cidade daria ao EI o controle de uma segunda capital provincial síria, depois de Raqa (norte), seu principal reduto nesse país devastado por quatro anos de guerra. Também seria a terceira capital de uma província a ser perdida pelo regime, uma vez que a cidade de Idleb (noroeste) está nas mãos da Al-Qaeda e de rebeldes desde 28 de março.
O Exército sírio controla os subúrbios do sul de Hassake e "segue mobilizando" reforços, afirmou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.
Várias famílias desses bairros fugiram para as áreas sob controle curdo no norte e no oeste da cidade.
"Neste momento, os curdos não participam dos combates porque a batalha ainda não chegou a seu setor", indicou o diretor da ONG.
O jornal sírio "Al-Watan", próximo do regime, criticou a falta de envolvimento das forças curdas na batalha, dizendo-se "surpreso pela fraqueza de alguns irmãos curdos" para defender Hassake.
Desde o início da batalha de Hassake, ao menos 130 pessoas morreram, segundo o OSDH: 71 do lado do regime e 59 jihadistas, incluindo 11 suicidas a bordo de carros-bomba, a arma predileta do EI.
Até o momento, o EI se apoderou de uma prisão, da estação de distribuição de energia e de posições militares perto de Hassake.
100 mortos em 48 horas
Em outras partes do país, apesar das condenações da ONU, o regime de Bashar al-Assad intensificou nas últimas semanas sua campanha de bombardeios aéreos em regiões controladas pelos rebeldes. A ofensiva causou a morte de 94 civis, incluindo 20 crianças e 16 mulheres nas últimas 48 horas.
De acordo com o OSDH, o regime quer punir os civis que residem nas zonas rebeldes após perder nos últimos meses terreno no norte do país para a rede Al-Qaeda e seus insurgentes aliados. Estes últimos enfrentam, por sua vez, o Estado Islâmico.
A maioria das vítimas morreu na província de Aleppo (norte), controlada em grande parte pelos rebeldes.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas denunciou a nova onda de bombardeios com barris explosivos e condenou a "violência contra civis", no momento em que o Exército sírio recorre de forma contínua a esse tipo de armamento em territórios controlados pelos rebeldes.
Em declarações à televisão local, um aliado de Al-Assad, o líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, anunciou que seus combatentes conseguiram reconquistar "dezenas de quilômetros quadrados" na região montanhosa de Qalamun, de cerca de 1.000 km2 compartilhados na fronteira entre Síria e Líbano.
- A próxima batalha será contra o EI. Esse grupo (...) é uma ameaça para a existência do Líbano - frisou.
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*AFP