Após quase dez meses em operação, as bombas usadas para captar água do volume morto na Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, foram desligadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Pela primeira vez desde agosto de 2014, o nível do segundo principal reservatório do Sistema Cantareira ficou acima de zero, permitindo a retirada da água por gravidade através do túnel - para abastecer parte da Grande São Paulo.
Na prática, porém, o nível do manancial que ainda atende cerca de 5,2 milhões de pessoas só na região metropolitana continua negativo: - 9,2%. Isso porque ainda existem outros 90 bilhões de litros de água do volume morto que não foram recuperados das Represas Jaguari-Jacareí, na região de Bragança Paulista. Juntas, respondem por 82% da capacidade total de armazenamento do Cantareira.
Segundo a companhia, as bombas na Atibainha puderam ser desligadas no dia 3 de junho, causando uma pequena economia no gasto com óleo diesel usado nos geradores de energia que alimentam os equipamentos, acionados em 15 de agosto do ano passado.
Na quarta-feira, de acordo com dados da Agência Nacional de águas (ANA), a represa tinha cerca de 180 milhões de litros armazenados acima do nível mínimo das comportas, equivalentes 0,2% da capacidade normal (que é 96 bilhões de litros, o volume útil).
Como as duas cotas do volume morto liberadas para a Sabesp na Atibainha (104,4 bilhões de litros) superam o volume útil da represa, e a Sabesp incluiu a reserva profunda como índice positivo, o nível do reservatório ontem estava em 108% da capacidade. Ou seja, se o índice fosse real, a represa estaria transbordando.
Segundo a Sabesp, os dados fazem parte de "um documento para uso operacional". A empresa afirma que "é essencial que a população continue a economizar água", pois o período chuvoso, que pode recarregar o estoque, só começa em outubro.
Para a companhia, a "melhoria no nível da Represa Atibainha e a consequente suspensão temporária do uso das bombas é resultado das ações da Sabesp para reduzir o uso do Sistema Cantareira durante a pior seca de sua história".
Mais do que as chuvas acima da média em fevereiro e março, que elevaram a vazão dos rios que alimentam o Cantareira, a recuperação parcial se deve à intensificação do racionamento feito pela Sabesp desde janeiro, com a redução da pressão e o fechamento manual da rede durante a maior parte do dia.
*Estadão Conteúdo