Envolvido na Operação Playboy, que em 2005 mapeou e prendeu os principais traficantes de Santa Catarina que levavam drogas para o exterior, o delegado da Polícia Federal em Santa Catarina Ildo Rosa acredita que a execução do brasileiro Rodrigo Gularte nesta terça-feira na Indonésia deveria levar o Brasil a discutir de forma mais ampla o assunto dos entorpecentes e a noção do que ele representa na sociedade.
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- Quantas mortes a gente vê pelo tráfico diariamente. Essa repercussão maior agora da morte do Rodrigo é porque se dá através das mãos do Estado. Mas é preciso respeitar a soberania da Indonésia - destaca o delegado que também preside o Conselho Estadual de Entorpecentes de Santa Catarina (Conen/SC).
Ao analisar o fim de Gularte com a pena de morte, Ildo lembra que o brasileiro sabia do risco a que estava sujeito caso se fosse pego com a cocaína que levava para a Indonésia.
- Era um risco calculado, tanto é que era a mula mais bem remunerada e havia essa compensação financeira. Quem se envolve tem a noção e ele (Rodrigo Gularte) sempre teve conhecimento e ainda entrou naquele país levando cocaína em oito pranchas, uma coisa tão óbvia - ressalta o delegado sobre a prisão de Gularte, em 31 de julho de 2004 na Indonésia com seis quilos de cocaína.
Gularte era um procurado da Justiça catarinense. Em 2012, ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal em Florianópolis ainda em razão da Operação Playboy, de 2005.
Ele morou em Santa Catarina antes de ser preso no exterior, onde se envolveu com remessas de cocaína para fora do país. Segundo o DC apurou, Gularte era um "cavalo" do tráfico, como eram chamados jovens transportadores de drogas de classe média investigados na época.