O Partido Pátria Livre (PPL), que conta com um único deputado na Assembleia Legislativa (AL) gaúcha, está descontente com o seu parlamentar: o santiaguense Miguel Bianchini. Eleito com 13.515 mil votos e impulsionado pela expressiva votação de Manuela D'Ávila (PC do B), ele está em seu primeiro mandato na AL. Porém, Bianchini não tem agradado a direção partidária. O presidente da sigla no Estado, Werner Rempel, que é vereador em Santa Maria, afirma que Bianchini não está alinhado aos princípios ideológicos do partido.
Como demonstração de sua insatisfação com o deputado, o presidente do partido emitiu um ofício, na última quarta, em que faz uma série de questionamentos a Bianchini. O documento traz, por exemplo, indagações referente à não leitura de documentos do partido durante o expediente, concedido aos deputados, na AL. Outra situação exposta é a não nomeação de pessoas indicadas pelo partido para a composição do gabinete e da bancada do PPL na Assembleia.
Bianchini, que cumpre agenda na Região Central, conversou com o "Diário" na tarde desta segunda-feira, e afirmou estranhar a posição de Rempel. O deputado reiterou não temer retaliação partidária ou, até mesmo, a expulsão do partido, o que poderia colocar em xeque a manutenção do mandato.
_ A questão de ler ou não notas ideológicas é uma questão minha. Essa é uma decisão minha. Não entendo aonde ele (Rempel) quer chegar. Não estou preocupado em perder o mandato. Agora, ele que me diga o que devo fazer. Porém, acho um desrespeito e uma postura irresponsável dele como presidente de partido ficar me cobrando.
O deputado ainda acrescenta que a composição do seu gabinete observou a critérios técnicos e que ele não terá no seu mandato pessoas com compromisso político-partidário.
Do lado da presidência do partido, Rempel pondera ao dizer que não gostaria de ver Bianchini fora do partido. Contudo, ele diz ser necessário que o deputado se enquadre junto às direções partidárias.
_ Desde a sua eleição, até o presente momento, ele nunca se dispôs a falar seriamente com o partido. Não temos nenhuma garantia de que pudéssemos participar do mandato dele. Uma coisa é bem clara: a ação parlamentar é politica. Não queremos que o partido tenha todas as indicações no gabinete dele, mas apenas algumas.
Prazo para se manifestar
Rempel diz que o prazo de 10 dias para que o deputado dê uma posição oficial ao partido está correndo. Além disso, no próximo dia 29 haverá uma reunião do partido em Porto Alegre em que Bianchini foi "convocado a comparecer":
_ Eu o alertei sobre a posição dele e tudo isso pode redundar na expulsão dele do partido. Ele precisa ser do PPL e rezar pela cartilha do partido. A linha do partido é uma só. Aqui, não nos interessa tendências partidárias. Nosso objetivo é tê-lo no partido.
Em caso de uma eventual saída de Bianchini do partido quem poderia assumir é o suplente Junior Carlos Piaia (PC do B), que perdeu para Bianchini por três votos de diferença.