Projeções do Centro de Avisos de Cinzas Vulcânicas (Vaac) da Argentina (veja foto abaixo) informam que as cinzas expelidas pelo vulcão Calbuco, que entrou em erupção no Chile na última quarta-feira depois de 54 anos, devem chegar ao sul do Rio Grande do Sul na manhã de sábado. Províncias da Argentina já foram afetadas e a capital do país vizinho, além do Uruguai, também devem ser atingidas nas próximas horas.
Na manhã de hoje, os aeroportos de Bariloche e Neuquen tinham visibilidade restrita. Voos entre o Chile e a Argentina começaram a ser cancelados. Se as cinzas chegarem ao Rio Grande do Sul, as aeronaves não poderão decolar ou aterrissar no Salgado Filho até que elas sejam dissipadas. Além de problemas visuais, as cinzas também prejudicam os motores das aeronaves. O trânsito nas ruas, porém, não terá restrições. Até o momento, não há atrasos ou cancelamentos na Capital.
- Há chance que essas cinzas cheguem já nessa tarde de sexta-feira. Imagens de satélite mostram como nas últimas horas a pluma já está bem próxima da região do Chuí. Com as condições de hoje, a previsão é que as nuvens avançem até o extremo sul gaúcho. No entanto, estamos monitorando a possibilidade de avançar por outras região e também chegar até Santa Catarina - salienta o meteorologista Leandro Puchalski.
No Chile, uma capa de cinzas de 40 centímetros cobre a cidade de Ensenada, a mais próxima ao Calbuco. Mais de 4,4 mil pessoas foram evacuadas. Além de Buenos Aires, o fenômeno deve afetar outras quatro províncias argentinas. Os sistemas geológicos só conseguem detectar a chegada das cinzas poucas horas antes, pois a densidade e direção delas, somadas à intensidade dos ventos em diferentes alturas, mudam as rotas constantemente.
Em Bariloche, San Martín de los Andes, La Angostura e Neuquén, todas cidades argentinas, os voos, aulas e atividades administrativas estão suspensas. A Rota 40 está intransitável e a Rota 237 foi interrompida na altura de Piedra del Aguila. As fronteiras também tiveram de ser fechadas. Hospitais locais só funcionam em casos de emergência.
As autoridades uruguaias também estão preocupadas, já que estações meteorológicas brasileiras alertam que o país deve ser afetado a partir de sábado.
No vídeo abaixo, veja imagens do vulcão e o comentário do editor Rodrigo Lopes:
Vulcão acorda após 54 anos
O vulcão Calbuco registrou duas violentas e surpreendentes erupções nas últimas horas, após meio século de inatividade, o que obrigou a retirada de quase 5 mil pessoas e deixou regiões turísticas do sul do Chile e da Argentina em suspense pelo alcance das cinzas.
Depois de permanecer inativo por 54 anos, o vulcão expeliu gigantescas colunas de gases e material incandescente, que provocaram espanto nas cidades de Puerto Montt, Puerto Varas e localidades próximas, 1.300 km ao sul de Santiago.
A área afetada recebe muitos turistas de todo o mundo graças seus lagos, rios e abundante vegetação, cercada por vulcões.
O primeiro fenômeno durou quase 90 minutos e teve nível entre 4-5, em uma escala vai de 0 a 8. O segundo prosseguiu até 8h40min desta quinta-feira, segundo o Serviço Nacional de Geologia e Minas (Sernageomín). As autoridades não descartam uma terceira erupção nas próximas horas.
Foto: Martin Bernetti, AFP
A última erupção do Calbuco remontava a 1961. Em 1972, o vulcão apresentou uma leve atividade, de acordo com o Serviço Nacional de Geologia. A erupção de quarta-feira pegou de surpresa a população, já que não ocorreu aviso prévio das autoridades.
Nas regiões de Puerto Montt e Puerto Varas, as autoridades decretaram "estado de exceção constitucional e zona de catástrofe", o que coloca a zona sob a autoridade das Forças Armadas.
Foto: Martin Bernetti, AFP