Moradores de Cidreira vivem um clima tenso neste domingo depois da chacina de seis pessoas durante a madrugada. Apesar da suspeita de envolvimento com tráfico ou uso de drogas por quase todas as vítimas, elas eram conhecidas da vizinhança, e algumas até benquistas pela comunidade. Tanto que todos seriam velados juntos no ginásio da Escola Marcílio Dias. No entanto, no meio da tarde chegou a informação de que somente os corpos de quatro vítimas seriam encaminhados ao ginásio.
O velório era aguardado para as 15h30min, mas desde o final da manhã o ginásio já estava sendo preparado. Há muito receio por parte da prefeitura quanto à segurança da cerimônia, por causa da rixa que havia com traficantes por causa de uma dívida não paga. Por isso, a secretária de Educação do município, Mercedes Giroleti, pediu à Brigada Militar que enviasse uma guarnição.
Dívida com facção Bala na Cara pode ter motivado crime
Contribui para aumentar a tensão o fato de que os traficantes estão em guerra na cidade. Desde 2013, segundo um PM, os Bala na Cara têm tentado assumir o controle do tráfico. O objetivo seria alcançado, até que uma série de prisões e delações acabaram colocando uns contra os outros. A situação chegou ao limite com a cobrança de dívida, em que morreram os seis.
O comandante do policiamento em Cidreira, capitão Heraldo Leandro dos Santos, considera complicado fazer a segurança em tempo integral do local. Uma viatura com dois PMs deverá ficar circulando durante a cerimônia.
- A nossa jurisdição vai até Mostardas. Tenho que manter o pessoal no policiamento da cidade - argumentou o capitão.
Pousada onde houve chacina em Cidreira tinha quartos por R$ 10
Em frente ao ginásio, o afluxo de pessoas havia aumentado no início da tarde. Espera-se que haja grande presença no local inclusive de curiosos, já que o assunto mobiliza a cidade. Muitas pessoas também têm ido até a pousada onde houve o crime, também por curiosidade - mas também por conhecidos das vítimas.
- Moro há 23 anos aqui, isso não vai melhorar - disse uma jovem que conhecia todos os mortos.
Três dos adolescentes mortos estudavam em escolas de Cidreira, o que ampliou a comoção na comunidade. Familiares admitem o uso de drogas pelos jovens. A escola, porém, considera que o desempenho deles em aula era bom.
Empresário fechou pub mais cedo por causa da matança
Dono do pub Sunrise, no centro de Cidreira, Daniel Portela Rocha, 32 anos, recebeu uma mensagem no Whatsapp por volta das 2h de domingo. Era uma funcionária do posto de saúde 24 horas do município. "Dani, se liga aí. Quatro mortos e dois baleados. Estão atrás dos caras", dizia a mensagem.
Rocha anunciou para os cerca de 40 clientes que a festa tinha acabado e fechou o pub. Para ele, o fato de a cidade ser pequena sempre faz com que a informação corra rápido. As pessoas ficam assustadas até quando não há tantas mortes, mas dessa vez foi demais.
- Aqui tem muito ladrão de galinha. Quando aparecem esses crimes mais pesados, a gente fica mais preocupado - analisou.