Durante o protesto de caminhoneiros da BR-470, em Veranópolis, que adere a paralisação nacional, nesta quinta-feira, os motoristas debateram, informalmente, em rodas de conversa, as dificuldades da profissão.
De São Leopoldo, na região de Porto Alegre, Paulo Roberto de Brito, 53 anos, aderiu à manifestação por volta das 8h. Ele faria o trajeto Caxias/ Veranópolis para a entrega de embalagens. Ainda que a principal reivindicação que motiva a paralisação seja a criação de uma tabela com o preço mínimo do frete, os motoristas citam outros pontos de insatisfação com a profissão.
- Discriminação da profissão, estradas ruins, aumento do preço do óleo e da gasolina. A profissão hoje está desvalorizada. Essa gurizada de hoje não quer mais ser caminhoneiro. A gente tem que se unir para fazer com que alguma coisa mude, como agora, caso contrário, ninguém nos ouve - diz Brito, na profissão há 34 anos.
Outra reclamação é com relação as condições das estradas e, entre aquelas que circulam pela região, a BR-470 é citada como uma das piores, por causa dos buracos. Outras são a BR-287, em Montenegro e Santa Maria, e BR-324, em Marau e Casca.
- O motorista não para em cima do banco - grita um caminhoneiro, com o consentimento dos demais.
O risco de assaltos e o tempo de serviço de aposentadoria, que passou de 25 para 35 anos, também foram citados. Felipe da Silva, 28, de Passo Fundo, seguia na quarta-feira à noite para Nova Petrópolis quando aderiu à manifestação. Ele entregaria farelo de soja.
No meio de tantos problemas citados pelos motoristas, ele lembra os motivos de ter escolhido a profissão:
- Eu e meus três irmãos somos caminheiros. O mais velho foi o primeiro, convidou os outros para viajar juntos e a gente acabou gostando. Sou caminhoneiro há nove anos.
O protesto reúne cerca de 100 motoristas em Veranópolis. O trânsito flui normalmente, com alguma lentidão quando os caminhoneiros são abordados pelos manifestantes.