Uma espanhola que descansava na Praia do Matadeiro, em Florianópolis, afirma ter escapado da tragédia com a queda do Airbus A320 da Germanwings por muito pouco. Claudia Vásquez Alarcón, de 39 anos, embarcaria no voo que caiu nos alpes franceses, mas desistiu na última hora. Segundo o jornal espanhol La Vanguardia, quatro dos passageiros previstos teriam deixado de voar naquele dia.
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Claudia - de origem chilena, mas nacionalidade espanhola - trabalha com marketing no ramo de alimentos e pretendia comparecer a uma grande feira do setor na Alemanha, para onde viaja todos os anos, muitas vezes pela companhia Germanwings. Muitas das vítimas do acidente se dirigiam ao mesmo evento.
Ela relata que estava em Florianópolis para descansar, mas que o excesso de voos num curto período de tempo a fez desistir da feira na última hora. Acabou esquecendo de desmarcar a viagem, deixando seu nome na lista dos passageiros previstos.
Na manhã do acidente, relata, nem pensava mais no voo perdido quando foi informada por uma amiga do que havia acontecido a 10 mil quilômetros de distância da Ilha de Santa Catarina.
- Fui passear na praia e fiquei refletindo sobre todas as pessoas que morreram. Dei graças por essa segunda vida que ganhei - relatou.
Em entrevista ao Diário Catarinense no Aeorporto Hercílio Luz, minutos antes de embarcar de volta para Barcelona, onde mora com o marido e os dois filhos, Claudia falou sobre o novo significado que Florianópolis ganhou para ela.
- Eu considero isso aqui o paraíso. Mas o apelido "Ilha da Magia" ganhou um significado único para mim.
Promotor francês diz que queda foi proposital
O promotor do Ministério Público de Marselha, Brice Robin, disse, nesta quinta-feira, que a queda foi provocada de forma deliberada pelo copiloto da aeronave. Andreas Lubitz, 28 anos, teria negado o acesso do piloto à cabine voluntariamente. Todos os 150 ocupantes do avião (144 passageiros e seis tripultantes) morreram.
O Airbus 320 caiu por volta de 6h30min (10h30min no horário de Brasília) de terça-feira sobre a região dos Alpes franceses. A aeronave havia decolado de Barcelona, na Espanha, e se dirigia a Düsseldorf, na Alemanha. O piloto e o copiloto eram alemães. Os passageiros eram de 18 países - sendo que 35 mortos eram espanhóis e 72, alemães.
Segundo afirmação do promotor em entrevista, os registros de áudio da caixa-preta mostram que um dos tripulantes deixou a cabine e que o copiloto estava "vivo e respirando". Ele disse que o copiloto não disse nenhuma palavra e que "parece ter derrubado o avião deliberadamente". A aeronave não emitiu qualquer sinal de alerta antes de começar a descida em direção às montanhas, confirmaram autoridades.
Os áudios mostram que os passageiros começaram a gritar apenas pouco antes do impacto final do avião. As investigações sobre as causas do acidente aéreo prosseguem. Robin afirmou que, até o momento, não se pode falar em suicídio.
De acordo com o investigador, a análise da caixa-preta de dados irá ajudar os investigadores a entender melhor o que aconteceu. Por enquanto, não há indícios de envolvimento de outras pessoas.
Um perfil no Facebook trata o copilotos como "herói" da organização terrorista islamita Estado Islâmico. O promotor responsável pelo caso, no entanto, afirma que Andreas não tinha ligação com o terrorismo. De acordo com a Lufthansa, dona da Germanwings, o copiloto havia sido contratado em setembro de 2013 e tinha 630 horas de voo de experiência.
Ainda nesta quarta-feira, uma fonte próxima das investigações disse ao jornal "New York Times" que a gravação da caixa-preta indicava que um dos pilotos teria ficado trancado para fora da cabine e não teria conseguido voltar. A informação foi confirmada na manhã desta quinta-feira pelos investigadores.
Confira os procedimentos de segurança da cabine do Airbus:
Veja imagens do acidente que matou 150 pessoas na França:
Veja a rota que fazia o avião e onde aconteceu o acidente: