Quando um avião de grande porte cai, matando mais de cem pessoas, gera uma comoção em todo o mundo. E com razão. Afinal, o acidente com o Airbus da Germanwings na terça, na França, matou 150 pessoas que tinham muita vida pela frente. Isso reacende também o medo de voar. Porém, existem outras tragédias bem maiores, que, por serem casos isolados, acabam ficando diluídas e não ganham tanto destaque da imprensa e da população.
Todos os dias, pelo menos 115 pessoas morrem em acidentes de trânsito e outras 175 são assassinadas só no Brasil. No mundo, a cada dia, morrem cerca de 3,4 mil pessoas vítimas do trânsito, e outras 1,3 mil são mortas a tiros, facadas ou outro tipo de agressão. Uma chacina diária.
Em números absolutos, são 1,3 milhão de mortes no trânsito no mundo e 50 milhões de feridos por ano - a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, se nada for feito, o mundo atingirá 1,9 milhão de mortos no trânsito em 2020, e 2,4 milhões em 2030. Já o total de assassinatos no mundo chega a 475 mil por ano. Enquanto isso, em acidentes de avião, o número máximo que ocorreu nos últimos anos foi de 959 mortos, em 2009. Nos outros anos, foi bem menor. Em 2013, foram 339.
Portanto, se analisarmos apenas pelo lado racional, não existiria motivo para ficar com medo de viajar de avião. É preciso ter mais medo de andar pelas ruas e estradas mesmo. O número de mortos no trânsito é de 1,3 mil a 2 mil vezes maior que na aviação. No trânsito, é como se, a cada dia, caíssem 22 aviões como o da Germanwings, totalizando esses 3,4 mil mortos por dia.
Brasil lidera homicídios no mundo
No caso do Brasil, temos a ingrata 1ª posição no ranking dos homicídios no mundo, com 64 mil mortes em 2012, segundo a ONU. É bem mais que o México, com 26 mil mortos, que tem a fama de ser um país violento e cheio de traficantes.
Já no trânsito, o Brasil é o quarto colocado no mundo, com 42 mil mortes, em 2010, segundo dados da OMS. Já em termos proporcionais, no índice de mortes a cada 100 mil habitantes, estamos na 42ª colocação entre os países.