Atenas e a zona do euro, liderada pela Alemanha, chegaram a um acordo nesta sexta-feira na reunião de ministros das Finanças, depois de a Grécia ter feito concessões para ganhar uma extensão de quatro meses no plano de financiamento para o país. Após um dia de duras negociações em Bruxelas, o Eurogrupo aceitou estender a assistência financeira para a Grécia, que terminaria no final de fevereiro, em troca de o país se comprometer em apresentar um plano de reformas.
- A primeira condição é que a Grécia apresente uma lista de reformas estruturais que deve estar pronta na segunda-feira - disse o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.
A reunião do Eurogrupo (integrado pelos 19 ministros das Finanças da zona do euro) estava programada para começar às 14h (12h de Brasília), mas as discussões só começaram às 17h30min (15h30min), em um ambiente denso e de confrontação entre Alemanha e Grécia.
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Sem um acordo, a Grécia corria o risco de se ver sem recursos, condenada à saída da zona do euro. A Grécia, cujo programa de ajuda expira no dia 28 de fevereiro, quer virar a página da austeridade.
A Alemanha, contudo, com a inflexibilidade encarnada por seu ministro das Finanças, o conservador Wolfgang Schäuble, exige que Atenas continue saneando suas contas públicas e realize as reformas estruturais exigidas em troca dos dois planos de apoio no valor de 240 bilhões de euros.
- A Grécia está e deve continuar na zona do euro - afirmou nesta sexta-feira o presidente francês, François Hollande, após um almoço em Paris com a chanceler alemã, Angela Merkel, antes da reunião do Eurogrupo.
- A ação política tem como objetivo manter Atenas na zona do euro - reforçou Merkel, durante uma coletiva de imprensa conjunta na capital francesa.
Para facilitar um acordo, uma mediação foi organizada nesta sexta-feira pela zona euro, o FMI e a Comissão Europeia entre Schauble e seu colega grego Yanis Varoufakis -ambos mantêm relações difíceis -, disse uma fonte grega.
A postura inicial do governo de esquerda grego, que assumiu no dia 25 de janeiro, se destinava a aumentar a liquidez para adotar reformas sociais, que entram em contradição com o duro programa de austeridade imposto a Atenas após o resgate. Atenas havia dado na quinta-feira um passo importante em direção ao um compromisso, pendido a extensão da assistência financeira da zona do euro.
Em uma carta dirigida ao Eurogrupo, o governo grego também disse estar disposto a aceitar a supervisão de seus credores (UE, BCE e FMI) e se comprometeu a se abster de "qualquer ação unilateral" que prejudique suas metas orçamentárias.
Em troca pede alguma flexibilidade que permita retificar as medidas de austeridade mais penosas, tal como prometeu Alexis Tsipras, o novo primeiro-ministro de esquerda durante sua campanha vitoriosa. A flexibilidade foi muito debatida pelo medo de vários países de que a Grécia não cumpra seus compromissos.
*AFP