A cada nova etapa da Operação Lava-Jato, a crise da Petrobras se aproxima um pouco mais do Palácio do Planalto e do Partido dos Trabalhadores. Na My Way, a ramificação deflagrada ontem, confirmou-se o que os petistas temiam: o tesoureiro João Vaccari Neto foi levado para depor. Tecnicamente, não chegou a ser preso, mas condução coercitiva é quase a mesma coisa.
E o motivo que levou os investigadores a interrogar Vaccari Neto é um depoimento do tipo arrasa-quarteirão do ex-gerente Pedro Barusco, aquele que na delação premiada aceitou devolver quase US$ 100 milhões roubados da Petrobras.
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Os petistas tentam desqualificar Barusco usando o argumento de que é um criminoso tentando obter redução de pena pela delação premiada, mas os agentes envolvidos nas investigações da Lava-Jato não se preocupam com o caráter dos delatores. Deles, querem apenas informações que ajudem a montar o quebra-cabeça da corrupção.
Sem apresentar provas, Barusco disse em seu depoimento que o PT recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina, entre 2003 e 2013, para financiar campanhas políticas. O esquema envolveria 14 empresas prestadoras de serviços da Petrobras.
"O pagamento de propina dentro da Petrobras era algo endêmico e institucionalizado", definiu Barusco na delação premiada.
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A divulgação do conteúdo do depoimento e a nova fase da Lava-Jato coincidiram com a criação da CPI da Petrobras, primeiro ato da gestão de Eduardo Cunha na Câmara. A CPI foi viabilizada graças à assinatura de deputados da base do governo, que se esboroa diante de uma presidente catatônica, que aparenta ter perdido o controle da situação.
É improvável que a CPI avance um centímetro à frente da Polícia Federal e o Ministério Público. Nem é essa a pretensão da oposição. O que os adversários de Dilma querem é desgastá-la ao máximo, abrindo caminho para um processo de impeachment, uma ameaça cada vez mais concreta.
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