O cirurgião torácico Airton Kwiatkowski, professor de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e médico aposentado do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) foi preso preventivamente pela Polícia Federal nesta quarta-feira. O mandado foi expedido pela 2ª Vara Federal porque o cirurgião teria ameaçado médicos residentes que foram testemunhas no processo que o investiga por estelionato qualificado.
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Kwiatkowski foi indiciado na semana passada. Ele é suspeito de registrar entradas e saídas no sistema de controle de ponto eletrônico do hospital, sem permanecer no trabalho, o que, segundo a Polícia Federal, foi comprovado pelo sistema interno de câmeras de segurança.
O caso começou a ser investigado no ano passado, antes da aposentadoria do médico. Imagens de câmeras de segurança do Husm mostram o cirurgião em diferentes dias chegando para trabalhar pela manhã, passando o dedo para o registro do ponto e, minutos depois deixando o hospital. As imagens também mostram o retorno do médico, à noite, quando ele registrava a sua saída. Em uma das gravações, o cirurgião deixa o hospital três minutos depois do registro de entrada do ponto.
- Muitos pacientes ficaram sem atendimento, e os residentes não tinham a quem recorrer diante de procedimentos complicados. Era preciso ligar para o médico ou contar com a ajuda de outros profissionais. Uma testemunha chegou a dizer que era a política do volte na semana que vem porque hoje o médico não está - afirma o delegado Rafael França, que investigou o caso.
A Polícia Federal não divulgou o nome do médico, mas o "Diário" teve acesso à informação por meio de outras fontes.
De acordo com França, o cirurgião foi preso e encaminhado a uma cela especial, porque tentou coagir residentes que são testemunhas do caso.
- Um deles contou que ele o trancou em uma sala e perguntou o que tinha dito para a polícia - conta o delegado.
França preferiu não falar sobre o conteúdo do depoimento do suspeito, que teria ganhos de cerca de R$ 20 mil mensais como servidor federal.
O advogado de Kwiatkowski, Alvaro Edison Nozari, afirmou que vai entrar com o pedido de liberdade provisória do médico porque "a sua prisão foi absurda". Nozari disse que se manifestará sobre o caso depois tomar conhecimento do processo, o que deve ocorrer nesta quinta-feira.