No clique da colega Adriana Franciosi projetado no telão, o jornalista e escritor Carlos Urbim abre os braços e sorri, compondo o cenário da Praça da Alfândega no ano em que foi patrono da Feira do Livro.
No Teatro Renascença, durante o final desta sexta-feira, dezenas de amigos e familiares deram adeus ao escritor e confortaram sua mulher, Alice, e os filhos, Emiliano e Glauco, sob a expressão que a todos era mais familiar: a risada, aberta e gostosa, de Carlos Urbim.
"Sem a literatura oral, não existiria a lenda", disse Urbim
Personalidades da cultura falam sobre Carlos Urbim
Durante o velório, amigos do escritor lembraram e homenagearam Urbim com textos e música, mas, sobretudo, histórias. Da personalidade delicada mas também assertiva; alegre e séria; do escritor que embalou infâncias em seus livros e do jornalista que valorizava não só as palavras, mas o que ouvia das pessoas.
O daltônico que voltava a ser guri sempre que recebia amigos - seus ou de seus filhos, como era meu caso - em sua casa na Avenida América, se despediu em uma sexta-feira ao som de lembranças e causos, ao estilo que preferia.
E com a recompensa que mais gostava: a risada infantil de seu neto Miguel, 11 meses de idade, que escutou, faceiro, a avó, Alice, ler parte de O Guri Daltônico, obra com a qual tantos leitores já sorriram.