Vidros quebrados, marcas de tiros em uma mesa de sinuca, forro do teto derretido pelas chamas, televisões estouradas e até carnes espalhadas pelo chão. Esse é o resultado da fúria de traficantes na Região Metropolitana, que expulsaram pelo menos três famílias das próprias residências em Esteio, dentro do Território da Paz, porque elas se negaram a oferecer os locais para o comércio de drogas.
Inconformadas com os ataques, as vítimas procuraram a Polícia Civil e denunciaram a quadrilha, como noticiou o Diário Gaúcho na última terça-feira. As imagens da destruição (acima) foram feitas no dia 12 de janeiro pela equipe de investigação da DP de Esteio.
Os criminosos queriam usar um bar na Vila Hípica, bairro Primavera, como base para o tráfico, mas a proprietária não aceitou. A represália veio contra ela, sua cunhada e um homem. Na manhã desta quinta, os policiais fazem uma operação na cidade para recolher os suspeitos. Serão cumpridos nove mandados de prisão.
Crédito: Divulgação / Polícia Civil
- Eles invadiram e quebraram tudo. Teve fogo, pedra, tiro. Saí com a mochila e minha filha de cinco anos, mais nada. Agora, só Deus sabe para onde eu vou - relatou uma das vítimas.
- Deram tiro e tocaram fogo na minha casa também, só porque minha cunhada se negou a deixar vender drogas dentro do bar - disse a outra mulher.
- Vieram falar comigo e pediram para eu guardar armas e drogas para eles na minha casa. Não topei, e então colocaram um revólver na minha cara e disseram que iam me matar se eu não saísse. Estou refugiado na casa de parentes, mal deu tempo de pegar as minhas coisas - contou o homem.
Armas e drogas pelo WhatsApp
Os moradores ficaram com medo de retornar à Vila Hípica e contrataram um caminhão para fazer uma mudança improvisada. Escoltados pela Polícia Civil, levaram o pouco que restou das casas. O temor foi reforçado por imagens recebidas por eles pelo WhatsApp (veja abaixo), em que os suspeitos aparecem com fuzis, pistolas e ostentam uma quantidade considerável de droga.
Crédito: Divulgação / Polícia Civil
Crédito: Divulgação / Polícia Civil
A gangue teria cerca de 15 integrantes (entre eles, pelo menos duas mulheres), alguns com antecedentes criminais. O grupo começou a aparecer fortemente armado na região após a morte de um líder do tráfico no começo deste ano e deu prazo para que todos deixassem suas residências, pois as mesmas seriam transformadas em pontos venda de entorpecentes.