A experiência ensinou ao embaixador aposentado Marcos Azambuja que os problemas surgem aos finais de semana. E foi às vésperas de mais um, às 21h35min de sexta-feira, que ele se dispôs a atender o telefone de sua residência, no Rio de Janeiro, para discorrer a pedido de ZH sobre uma crise que lhe é familiar: a comoção causada pelos ataques iniciados na quarta-feira com o massacre na redação da revista francesa Charlie Hebdo e adjacências.
De 1997 a 2003, Azambuja foi embaixador do Brasil em Paris e cumpriu expediente na sede da representação, no Huitième Arrondissement (8º Distrito), na margem direita do Rio Sena, não longe de onde o turbilhão se iniciou.
- A França está em choque. A recuperação levará tempo - afirmou.
A seguir, uma síntese da entrevista.
Como o senhor explica os acontecimentos da França de 7 a 9 de janeiro?
A França foi um país que, durante séculos, recebeu muitas correntes migratórias. Mas quase todas tinham a aspiração de se tornar francesas - pela língua, pela cultura, pela adesão às ideias republicanas e laicas que fazem o espírito da sociedade francesa. O problema com a grande imigração islâmica é que não vem acompanhada desse desejo de adesão inteira a esses valores franceses, e sim de se oferecer como uma civilização e uma cultura alternativas.
Com a palavra
Marcos Azambuja: "A França precisa analisar a relação com os imigrantes"
Embaixador do Brasil em Paris De 1997 a 2003, fala sobre a comoção causada pelos ataques iniciados na quarta-feira com o massacre na revista Charlie Hebdo e adjacências
Luiz Antônio Araujo
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